A Abipti e o Instituto para Inovação e Tecnologia de Berlim começam a promover junto aos Institutos de Pesquisa Tecnológica brasileiros um método voltado para o fortalecimento dos sistemas locais de inovação.
Trata-se da "Analysis of National Innovation Systems" (Anis, na sigla em inglês), uma ferramenta que mede o nível de inovação e gera subsídios capazes de apontar soluções para os principais gargalos. O objetivo das instituições é aplicá-la nos institutos de pesquisa do Brasil.
A metodologia já foi testada em dez países. Começou pela própria Alemanha, passou por outras nações europeias e hoje atende, principalmente, países em desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, já foi aplicada em Manaus (AM). O grande diferencial é sua fácil aplicação e adaptação aos mais diferentes sistemas.
"Nossa intenção é oferecer apoio aos formuladores de política para que eles possam transformá-las em prática", explicou Helmut Kergel, vice-chefe do Departamento de Cooperação Tecnológica Internacional e Clusters do instituto alemão, durante o evento realizado em Brasília.
A iniciativa será encabeçada pela Abipti e a proposta é envolver primeiramente os institutos de pesquisa associados. De acordo com a presidente da Associação, Isa Assef, o estudo mostrará o estágio de inovação nessas entidades - agentes fundamentais para a transferência do conhecimento gerado na academia para o mercado. Espera-se facilitar o processo de elaboração de políticas públicas, com vistas a fortalecer a agenda brasileira de inovação, principalmente no setor privado.
"Os institutos precisam estar preparados para serem sustentáculos da inovação no País. Eles desempenham um papel fundamental nesse processo e para impulsionar sua atuação é preciso não só ter pessoal qualificado e capacidade de gestão, como também saber sua responsabilidade nesse cenário e as condições reais para inovar", explicou.
Segundo ela, o processo não será imperativo e participará quem realmente deseja fortalecer sua atuação no Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI). De acordo com Isa Assef, o mapeamento é fundamental para alocar recursos onde realmente é necessário.
Na avaliação da presidente da Abipti, o momento atual é oportuno, com mudanças significativas em vista. Um exemplo é a transformação da Finep em um banco, o que deverá direcionar mais recursos financeiros para inovação. "O governo brasileiro está se esforçando. Precisamos fazer a nossa parte também", completou.
Na capital amazonense, o estudo foi realizado num prazo de três meses e envolveu a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) e outras instituições públicas e privadas, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Segundo o engenheiro Guajarino de Araújo Filho, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Inovação (Nepi) da Fucapi, embora recente, a pesquisa conseguiu animar o ambiente local de inovação. "O fato desse método ser objetivo, envolver um grande número de atores e ao mesmo tempo trazer resultados práticos foi decisivo para a realização do estudo", disse.
Retrato da inovação - O objetivo da Anis é traçar um retrato da maturidade da inovação em determinada região. O método é avaliado periodicamente e todo o seu trabalho é apoiado em indicadores. A metodologia mapeia as fortalezas e fraquezas do sistema de inovação, permitindo alavancar a capacidade local de forma organizada.
A abordagem envolve três níveis: Macro, no qual são definidas as políticas de inovação, que influenciam diretamente as condições estruturais desse sistema; Micro, que compreende os beneficiários dos mecanismos de apoio e os provedores de inovação; e Meso, que conecta os outros dois níveis, transformando políticas em práticas, por meio de instituições e programas.
Estes níveis são estratificados em 30 diferentes determinantes representativos, abordados em um questionário e avaliados por meio de perguntas direcionadas a atores que fazem parte do sistema. Com os resultados em mãos é possível identificar os pontos fortes e fracos e apontar o que precisa ser feito para modificar o quadro.
O mapeamento é comparado aos resultados de outros países e o escopo da intervenção é determinado a partir dessas comparações. "Dessa forma é possível priorizar áreas para apoio", completou Guajarino. É importante destacar que são recomendadas ações para setores onde realmente é possível intervir e trazer resultados efetivos de grande impacto, com esforços menores.
O estudo Anis realizado em Manaus está disponível neste link:
http://www.gestaoct.org.br/documentos/ANIS_Manaus_English.pdf.
(Gestão C&T online)
www.fne.org.br