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27/06/2011

Sucesso sustentável

Grupo de alunos de engenharia florestal está na fase final de uma competição nacional que premiará projetos de desenvolvimento ecológico. Disputa é com 10 universidades

       Promover uma rede de sustentabilidade na Universidade de Brasília (UnB) é a ideia principal do UnVerde. Criado por um grupo de 20 estudantes de engenharia florestal da UnB, o projeto foi concebido para ser inscrito na Gincana Impacto Zero, do festival de música e de arte SWU (Starts With You, sigla em inglês de Começa com você). A equipe está agora na última fase da competição, que começou com 101 inscritos de 87 instituições de ensino de 16 estados de todas regiões do país.

       A prova final é a participação em um reality show a ser exibido entre 2 de agosto e 1° de setembro no canal Multishow. Dois alunos de cada grupo selecionado na segunda fase vão participar do programa. Além da possibilidade de conscientização da comunidade acadêmica, a gincana universitária vai premiar com
R$ 500 mil a equipe que apresentar o melhor projeto de sustentabilidade e tiver melhor desempenho nas provas eliminatórias. Os dois finalistas da equipe vencedora que participarem do reality show também ganharão um curso de empreendedorismo na Babson College, em Massachusetts, nos Estados Unidos.

       O projeto UnVerde propõe uma forma de unir as iniciativas existentes, como a Coleta Seletiva Solidária e o Bicicleta Livre. Acrescenta ainda outras ideias, como a bioconstrução de um centro de atividades sustentáveis e a separação do lixo orgânico das lanchonetes e do Restaurante Universitário (RU) para reaproveitamento. "A gente quis englobar a universidade inteira para que o projeto tenha continuidade", explica a estudante Lígia Boueres, uma das principais articuladoras do UnVerde.

       O projeto surgiu quando ela e a colega Marina Ulian, que foram ao SWU em 2010 e acompanhavam o site do evento, souberam da gincana. "Saiu o edital, o prazo era pequeno, a gente se reuniu e começou a escrever sem parar. Bolamos tudo do zero. Muita universidade já tinha um projeto adaptado. Nós mandamos nos últimos minutos do prazo. Ficamos muito felizes, porque o esforço para fazer um trabalho legal foi grande", conta.

       Dos projetos inscritos, 20 equipes foram escolhidas e se enfrentaram em uma competição de coleta seletiva para que 10 participassem do reality show. Ao todo, participaram dessa fase 400 alunos — 20 em cada equipe. Ao longo da semana, os alunos colocaram em prática uma estratégia para o recolhimento do material. Espalharam pontos de coleta pelo câmpus da universidade, separaram o que era recolhido e buscaram o que a comunidade juntava em casa.

       O regulamento dessa fase da gincana estabeleceu 10 confrontos na ideia de tornar a disputa mais justa, já que, entre as cidades selecionadas estavam, por exemplo, Inconfidentes (MG), com pouco mais de 6 mil habitantes, e São Paulo (SP), com mais de 15 milhões. A UnB competiu com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

Mobilização
       O orientador da equipe, professor Eraldo Matricardi, acredita que, independentemente de o grupo conquistar ou não o primeiro lugar, um prêmio está garantido com o projeto e a participação na gincana. "É muito legal por vários motivos: é uma iniciativa dos próprios estudantes, aproveita o que a UnB já produzia no assunto, melhora e inova em algumas ideias, promove hábitos sustentáveis e levanta o nome da universidade. Só pelo que foi feito até agora já valeu a mensagem, que não deve ficar restrita ao câmpus", comemora.

       O presidente do Instituto EcoD e do portal Eco Desenvolvimento, Isaac Edington, foi um dos jurados da avaliação dos projetos. Ele acredita que a gincana foi um meio de fazer com que os jovens pensassem no meio ambiente e fizessem essas ideias irem além da competição. "Foi muito bacana ver os estudantes se mobilizando de forma tão estruturada. A maioria deles tem uma preocupação com o coletivo, o que é de extrema importância. Acredito que todos podem buscar um processo de articulação para tentar viabilizar os projetos."

 

Material coletado
       O lixo reciclável, após passar por uma triagem, será doado às cooperativas de reciclagem parceiras da gincana. Ao todo, foram coletados quase 139 mil quilos de material que, convertidos, gerarão R$ 211 mil, dinheiro que será doado para as empresas de cada uma das cidades participantes. Esses quase 139 mil quilos equivalem ao que uma cidade de até 140 mil habitantes produz em lixo em um dia.

 

E eu com isso?
       Sustentabilidade é uma palavra bastante usada atualmente, mas ainda não incorporada aos hábitos da população mundial. A matéria orgânica pode ser inteiramente absorvida e reutilizada pela natureza, mas o tipo de resíduo que a nossa civilização produz hoje, especialmente os plásticos, não podem ser eliminados da mesma forma. O planeta produz, por exemplo, 2,5 bilhões de toneladas de lixo por dia, de acordo com a ONG Instituto Akatu. É o equivalente a 15 montanhas iguais às do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro (RJ). O mundo consome 1 trilhão de sacolas plásticas por ano, e o Brasil, 14 bilhões, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Os sacos ainda entopem a rede de escoamento de água nas cidades, contribuindo para o aumento das enchentes. Quando chegam aos leitos dos rios e dos mares, animais como tartarugas, as confundem com águas-vivas, comem e morrem asfixiadas. Ou seja, ser sustentável individualmente pode ajudar a resguardar a vida em nosso planeta.

 

(Ana Pompeu, Correio Braziliense)
www.fne.org.br

 

 

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