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08/06/2017

Engenharia para evitar tragédias

A necessidade de se debater e apresentar soluções que assegurem a sustentabilidade nas cidades e no País esteve em pauta durante o VIII Encontro Ambiental de São Paulo (EcoSP). O evento ocorreu em 27 e 28 de abril último, na sede do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp), promotor da iniciativa, juntamente com a FNE. À abertura, Murilo Pinheiro, presidente de ambas entidades, declarou apoio à greve geral marcada para o dia seguinte contra as reformas trabalhista e previdenciária pretendidas pelo governo para “mostrar a indignação com todas essas mudanças que ameaçam nossa qualidade de vida”. Ele aproveitou ainda para anunciar em primeira mão a realização em 2018 do EcoBrasil.

Vice-presidente do Seesp, idealizador e coordenador do evento, Carlos Alberto Guimarães Garcez lembrou que antecederam o EcoSP quatro edições no Vale do Paraíba, como EcoVale. A atividade expandiu-se, observou ele, “para levar exemplos de boas práticas a mais gente”.

Integraram a mesa o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Gilberto Natalini; o deputado estadual por São Paulo Antonio de Sousa Ramalho (PSDB); o secretário especial de Relações Governamentais da Prefeitura de São Paulo, Milton Flávio Lautens Chlager; o vice-prefeito de Mariana (MG), Newton Godoy; a assessora técnica da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Cristine Mota de Farias; o superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) do Ministério de Minas e Energia, Paulo Afonso Rabelo; o diretor-geral do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), Saulo Krichanã; e o diretor da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Eduardo Luís Serpa, representando o secretário Estadual de Meio Ambiente de São Paulo, Ricardo de Aquino Salles.

Acústica e mineração
Presente durante o VIII EcoSP, uma das preocupações é com a poluição sonora, que tem como principal vilão nas grandes cidades o trânsito. Segundo o engenheiro Victor Bécard, 60% da população mundial é afetada por ruídos diariamente, sendo que 3% já tiveram um acidente vascular cerebral (AVC) pela alta exposição a barulhos. Entre as crianças, 13% apresentam perda de audição em todo o globo. O palestrante alertou: o problema tende a piorar devido ao crescimento constante dos centros urbanos.

Prevenir que esse quadro se consolide, monitorando a situação, é, como observou ele, papel da engenharia acústica. “Temos softwares e equipamentos que auxiliam no acompanhamento e na solução das fontes de barulho”, disse. E detalhou: “Se uma usina gera um ruído e a comunidade ao redor queixa-se deste, o engenheiro acústico pode simular as atividades da empresa e, através de gráficos, descobrir a origem.”

Outra fonte de impacto ambiental, a mineração foi tema do representante do DNPM, engenheiro Ricardo Deguti de Barros Silva. “O acidente em Mariana quebrou um paradigma da mineração, uma vez que antes eram considerados os impactos locais e, agora, precisamos pensá-los em nível regional”, salientou. Ele lembrou que áreas que serviram durante algum tempo para a extração estão sendo reaproveitadas, caso de antiga pedreira em Curitiba (PR) que virou parque. Alguns locais em São Paulo estão em estudo para a construção de escolas e áreas de lazer.

Desastre em Mariana
As consequências da tragédia ambiental na cidade de Mariana foram apresentadas pelo vice-prefeito Newton Geraldo Xavier Godoy. O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 5 de novembro de 2015, deixou 18 mortos, um desaparecido, 504 desabrigados e 308 desalojados. Foram afetadas diretamente mais de 2.800 pessoas e indiretamente mais de 65 mil. Os danos ambientais, informou Godoy, se estenderam por 663km de rios e córregos e 1.469 hectares de vegetação. Os rejeitos da mineradora chegaram até a foz do Rio Doce, no encontro com o Oceano Atlântico, impactando, no percurso, diversos municípios entre Minas Gerais e Espírito Santo.

Segundo o palestrante, no primeiro estado há 900 barragens de empresas mineradoras. A Samarco iniciou as atividades em Mariana em 1977 e hoje tem como donos a Vale do Rio Doce e a australiana BHP Billiton. De acordo com ele, a dependência da empresa era praticamente integral, chegando a quase 89% das atividades econômicas. “A arrecadação de impostos era de R$ 1 milhão por dia, totalizando mais de R$ 30 milhões mensais.

Depois do acidente, caiu para R$ 17 milhões”, lamentou. E salientou: “Nossa população é de 67 mil pessoas. Hoje temos 13 mil desempregados, desses, 9 mil são dispensas relacionadas à paralisação da Samarco. A Prefeitura também está demitindo, porque não tem como manter o seu efetivo. Isso tem reflexos nos serviços públicos oferecidos, desde saúde a educação.”

Tamanha dependência foi criticada por ele. “Não nos desenvolvemos em outros setores. Tudo o que se fizer agora só terá resultado em médio e longo prazo.” Ao mesmo tempo, Godoy condenou a falta de um plano de contingência adequado e eficaz por parte da empresa, que poderia reduzir os danos.

Ao final, Murilo Pinheiro anunciou a pretensão da FNE de realizar um encontro da engenharia no município mineiro. “Nosso objetivo é ajudar a reconstruir Mariana e colocá-la de novo como cidade pujante.”
O evento contou com o patrocínio das companhias de Saneamento e de Gás de São Paulo (respectivamente Sabesp e Comgás), do Grupo Semmler e da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea São Paulo (Mútua-SP).

Confira cobertura completa em www.seesp.org.br.

 

 

Por Soraya Misleh
Matéria publicada no jornal Engenheiro, Edição 181, de junho de 2017
Colaboraram como repórteres Deborah Moreira, Rosângela Ribeiro Gil e Jéssica Silva

 

 

 

 

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