Em entrevista concedida à Revista Digital de Engenharia, da Associação Profissional dos Engenheiros Agrimensores no Estado de São Paulo (Apeaesp), Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, fala sobre como a crise econômica chega primeiro aos profissionais da área. “(...) desde a reeleição de Dilma Rousseff, o País rendeu-se à lógica neoliberal, que preconiza o abandono de investimentos públicos, em detrimento daqueles selecionados pelo 'mercado'. Passa-se, assim, a gerir as contas públicas com as regras da economia doméstica: gastar menos do que arrecada e destinar o saldo porventura existente ao pagamento de juros. É uma política de interesse exclusivo do capital financeiro, o que leva ao estrangulamento da economia e, em consequência, da engenharia.”
Ao mesmo tempo, como salienta Celestino, o Brasil, por ser um país em construção, não pode abrir mão da engenharia, do conhecimento e do desenvolvimento com valor agregado. Ele observa que são muitas as demandas que serão atendidas apenas em décadas, em diversas áreas, como habitação, saneamento, mobilidade urbana, transportes (rodoviário, ferroviário, fluvial, terminais portuários e aeroportos). Por outro lado, continua o dirigente, “as áreas de óleo e gás – o pré-sal, a maior descoberta de hidrocarbonetos no planeta nos últimos 30 anos –, aeronáutica e nuclear terão também papel de destaque crescente na nossa economia”.
Diante disso, ele classifica o desmonte da engenharia brasileira como uma atitude criminosa, “pois nos coloca à mercê de concorrentes estrangeiros”. E critica: “Nas últimas décadas, exportamos serviços de engenharia para mais de 40 países, agora regrediremos à condição colonial.”
Nesse sentido, Celestino defende a separação do combate, necessário, aos desmandos e à corrupção, mas sem que isso implique “destruição da capacidade técnica e gerencial acumulada nas últimas seis décadas”. Para ilustrar a posição, o presidente do Clube de Engenharia cita o caso recente da montadora alemã Volkswagen, que foi alvo de vultoso processo por fraudar consumidores quanto a índices de poluição atmosférica dos veículos por ela produzidos. “Seus diretores foram afastados, processados, a empresa foi condenada a pagar multas bilionárias, mas não deixou de produzir veículos, nem dispensou pessoal. Aqui, jogam fora a água, a bacia e a criança”, lamenta.
Petrobras
Celestino também falou sobre a Petrobras, sendo taxativo: “A crise da Petrobras é falsa.” E ensina: “[a empresa] endividou-se porque achou petróleo, e tem plenas condições de rolar sua dívida. O que está por trás da campanha de desgaste da Petrobras é afastá-la do pré-sal, para que as petroleiras estrangeiras o explorem.” Para ele, se tal desmonte não for revertido, a companhia brasileira, em quatro ou cinco anos, será uma mera “produtora de petróleo bruto de porte médio, e o nosso mercado será abastecido por petroleiras estrangeiras, com produtos importados. A engenharia, a cadeia de mais de 5 mil fornecedores, nacionais e estrangeiros, vão para o ralo”.
>> Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui.
Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP