Além das tradicionais bandeiras do movimento sindical, como a redução da carga de trabalho semanal a 40 horas, as centrais Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CGTB devem reunir líderes sindicais de todo o país para dar largada às campanhas salariais do segundo semestre.
A passeata também servirá para "acelerar" acordos salariais travados. É o caso da negociação entre os metalúrgicos da Bahia e os empresários. Com data-base em julho, mas com negociações ainda de pé, o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, que representa os trabalhadores da Ford, avalia que a passeata pode ser um "gatilho" político para um acordo. O sindicato, que é filiado à CTB, enviou dirigentes a São Paulo.
"A cada ano se torna mais complicado negociar", conta o diretor do sindicato, Everaldo Vieira, que também é funcionário da Ford. A empresa emprega cerca de 10 mil metalúrgicos na fábrica, que ganham em média R$ 1,7 mil. Vieira aponta como "inevitável" a realização de greves caso as empresas do Estado não concordem com o valor pedido pela Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos (Fetim). "Vamos nos organizar na próxima semana para começarmos um processo de mobilização. Não sei se estouraria uma greve em toda categoria, mas ela vai existir em alguns pontos estratégicos."
A Fetim exige reajuste real de 8%, o que leva a 15% de aumento nominal. As patronais querem apenas repor a inflação, com proposta de 6,8% de reajuste. No ano passado, foi concedido 9% de aumento aos metalúrgicos baianos - 4% de aumento real.
Em São Paulo, as negociações começaram em compasso mais lento que no ano passado. A Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM) do Estado de São Paulo, filiada à CUT, entregou suas pautas de reivindicação para sete bancadas patronais há duas semanas, mas ainda não obteve resposta. A entidade, que representa 250 mil metalúrgicos de 14 sindicatos - incluindo os do ABC, Sorocaba e Taubaté - não divulga o percentual exigido neste ano, mas tentará negociar valor maior do que em 2010, quando conseguiu reajustes reais que oscilaram de 4% a 6,5%. O salário médio de um metalúrgico paulista é de R$ 2.296, segundo o Dieese.
No setor calçadista de Novo Hamburgo (RS) com data-base em agosto, o reajuste real a ser cobrado é de 5%, frente aos 2,45% acordados no ano passado. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Novo Hamburgo, Neiva Barbosa, neste ano a negociação será mais dura, pois a média salarial dos 10 mil sapateiros da região, atualmente em R$ 703, é uma das piores do país. "Todo ano a choradeira é sempre a mesma. Mas agora a produção está bombando e não vamos abrir mão dos 5%", afirma Barbosa, para quem a "desculpa" de que reajustes maiores alimentam aumento dos preços é "inaceitável". "Como tinha inflação quando os trabalhadores não tinham aumento real?", questiona o sindicalista.
(Valor Econômico)
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