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17/08/2017

Recursos hídricos e agricultura sustentável em debate

Rita Casaro*

A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) levou para a programação da 74ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (Soea), realizada em Belém, entre 8 e 11 de agosto, o debate técnico sobre recursos hídricos e agricultura sustentável. A mesa-redonda promovida pela federação aconteceu no dia 10, e contou com a participação de Edson Eiji Matsura, professor titular da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estatual de Campinas (Feagri/Unicamp), e Rui Machado, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa). A condução dos trabalhos ficou por conta do vice-presidente da FNE, atual presidente em exercício, Carlos Bastos Abraham, que destacou a relevância do tema para a economia brasileira. “A queda na economia poderia ser da ordem de 10% ao ano, se não fosse pelo agronegócio”, apontou.

“Nós trabalhamos com oferta, gestão e demanda. E então utiliza-se o recurso hídrico na produção de alimentos. Essa é a estrutura básica”, resumiu Matsura, dando início à sua exposição. Na avaliação do pesquisador, a quantificação e qualificação dos recursos hídricos é fundamental para que se assegure uma agricultura sustentável, “que signifique verdadeiramente ganhos sociais, econômicos e ambientais para as futuras gerações com prazo indeterminado de vencimento”.


Foto: Lucas Queiroz/FNE
Atividade reuniu especialistas durante evento em Belém.

O professor da Unicamp destacou a diversidade regional existente no Brasil – que possui área irrigada de 6 milhões de hectares e 72 milhões de hectares de área plantada – no que diz respeito ao recurso hídrico considerado o mais relevante, ou seja, o advindo das precipitações. Entre a abundância de 2.850mm ao ano na região Norte e a escassez de 550 mm nas porções mais secas do Nordeste, a média nacional fica em 1.797mm, segundo dados apurados entre 1961 e 1990.

Conforme Matsura, outro dado importante entre as diversas estatísticas disponíveis aos estudiosos e profissionais do setor, é a relação entre retirada, consumo e retorno. Um bom exemplo, citou, está na região hidrográfica do Paraná, onde se retiram 479m3/s, consomem-se 189m3/s e se devolvem 290m3/s. Segundo o professor, contribui fortemente para esse uso racional a conservação do solo. Informação também importante para se dimensionar projetos, levando em conta a disponibilidade de recursos hídricos, é a vazão de retirada determinada por litros por segundo por hectare.

Matsura abordou ainda a pegada hídrica, que possibilita o que ele classifica com “um novo olhar para o planejamento e dimensionamento dos recursos hídricos nos sistemas de produção de alimentos”. Determinando o volume total de água consumido direta e indiretamente no processo de produção de bens e serviços, a ferramenta se divide em pegadas hídricas cinza (quantidade de água necessária para diluir os poluentes descartados em corpos d’água, até o nível dos padrões naturais ou outros aplicáveis ao caso), azul (água retirada de corpos d’água de superfície ou subterrâneos, que é evaporada, incorporada nos produtos ou que não retorna ao corpo do qual foi retirada) e verde (água de chuvas consumidas nas atividades agrícolas, envolvendo a acumulação no solo, a evapotranspiração e a incorporação em produtos removidos pelas colheitas). Seguindo, por exemplo, a pegada hídrica do boi, conclui-se que são consumidos 17 mil litros de água para se produzir um quilo de carne.

Inovação e segurança alimentar
Machado, da Embrapa, enfatizou a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento para garantir a sustentabilidade da Machado, da Embrapa: tecnologia é caminho para sustentabilidade. Os avanços tecnológicos no setor, apontou, foram os principais responsáveis pelo aumento da produtividade no Brasil, que saltou de 57,9 milhões de toneladas de grãos por hectare, em 1991, para 141,6 milhões, em 2010. Na safra 2015/2016, a produção foi 188,10 milhões de toneladas de grãos e de 26 milhões de toneladas de carne. Em 2014, produziram-se 38,9 milhões de toneladas de frutas e 35,2 bilhões de litros de leite.

Para além do crescimento da produção, afirmou Machado, outro desafio da inovação tecnológica no setor é a preservação ambiental. O objetivo é reduzir tanto o consumo de recursos naturais, já que a agricultura é responsável globalmente por 70% do uso de água, quanto as emissões de poluentes. Para o pesquisador da Embrapa, crescimento e sustentabilidade não são conceitos antagonistas, mas complementares, sendo possível “aliar prosperidade econômica com melhoria ambiental e social”. Entre as medidas para se alcançar esse objetivo, ele listou o melhoramento genético e a biotecnologia; sistemas de produção integrados; plantio direto; aumento da eficiência dos sistemas irrigados; e máquinas e equipamentos que utilizem menos água, menos energia e poupem o esforço humano.

 

* Texto publicado, originalmente, no site da FNE

 

 

 

 

 

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