Do jornal Engenheiro*
Em agosto último a FNE foi à Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, para falar aos alunos de engenharia e conhecer as obras do parque tecnológico da região, o Lavrastec. Na visita, a federação encontrou também o quarto melhor curso de Engenharia Agrícola do Brasil, segundo o ranking que considera dados compilados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas do Ministério da Educação (Inep-MEC), do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros.
O reitor da Ufla, José Roberto Soares Scolforo, falou ao Engenheiro sobre a faculdade que oferece a graduação que completa em 2017 seu 109º aniversário. “Procuramos oferecer formação integral no campo profissional, com ênfase na atuação prática”, contou. Na entrevista, ele aborda também a segunda edição do Congresso Mineiro de Engenharia e Tecnologia, que acontecerá em dezembro, com participação da FNE e em parceria com o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), instituição que conta com o apoio da federação.
A Ufla é muito conhecida pela graduação em Engenharia Agrícola. O que faz com que seja um curso de referência?
A universidade nasceu como escola agrícola e hoje é reconhecida internacionalmente pelas pesquisas e desenvolvimento tecnológico na área. O curso de Engenharia Agrícola forma profissionais que resolvem problemas que afetam o desenvolvimento do agronegócio, fornecendo soluções de engenharia necessárias ao aumento de produtividade, diminuição de custos, preservação e conservação dos recursos naturais envolvidos. Buscamos sempre acompanhar as demandas do setor, que evoluem de forma intensa e complexa, exigindo sempre mais do profissional. Focamos em formar cada vez mais profissionais de excelência.
Como o senhor vê a atuação da universidade para o desenvolvimento da área?
A área das ciências agrárias está na base da cadeia produtiva de melhor desempenho na matriz econômica do País. Por isso, a formação de bons profissionais que mantenham e melhorem esse desempenho é primordial. Procuramos oferecer formação integral no campo profissional, com ênfase na atuação prática de alto nível, mas que também prepara para a investigação e para o desenvolvimento tecnológico. Também vemos a importância das demais engenharias no desenvolvimento da economia e do País como um todo. A Ufla oferece hoje, além dos cursos integrados no programa ABI (Área Básica de Ingresso)-Engenharias e área agrícola, os de Engenharia de Alimentos, Ambiental e Sanitária, Controle e Automação e Florestal. Planejamos, ainda, incluir Engenharia Física a partir de 2019 e Engenharia de Computação em 2020.
A Ufla tem o diferencial da grade Área Básica de Ingresso (ABI) em engenharias, um programa em que o conhecimento inicial do curso é integrado. Como funciona?
O projeto pedagógico da ABI-Engenharias integra quatro cursos, sendo de Engenharia Civil, de Materiais, Mecânica e Química, que são compostos por cerca de 50% de disciplinas comuns, incluindo conteúdos básicos e também profissionalizantes. São 200 vagas destinadas a estudantes que ingressam pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou pelo Programa de Avaliação Seriada da Ufla, e não indicam um curso específico no processo seletivo. Nos dois primeiros períodos todos cursam o mesmo conjunto de disciplinas. A partir daí, passam a selecionar, na matrícula de cada semestre, o curso de predileção e disciplinas específicas da área que desejam. Quando concluem o quinto período, são direcionados para os cursos escolhidos. Essa forma de ingresso proporciona aos estudantes, já na primeira parte, uma formação interdisciplinar em ciências naturais, matemática e engenharias, sem descuidar de aspectos sociais e filosóficos de sua futura atividade profissional.
Quando a Ufla foi visitada por diretores da FNE, foi tratada a proposta de parceria entre a universidade e o Isitec. Qual é a ideia?
A proposta, ainda em fase inicial, mas de grande relevância, é trabalhar em conjunto, facilitando o intercâmbio de estudantes entre os institutos para cursar um semestre, ou até mesmo um ano, de disciplinas que possibilitem a melhor qualificação dos futuros profissionais. Promover oportunidades de estudo entre as diferentes entidades do País tornou-se uma preocupação dentro das próprias universidades brasileiras que investem, cada vez mais, na melhoria do ensino e na possibilidade de qualificação diferenciada. Queremos ir além com a parceria, estendendo-a para a pesquisa e a extensão, permitindo que os estudantes vivenciem diferentes experiências dentro das instituições.
Em dezembro acontece o segundo Congresso Mineiro de Engenharia e Tecnologia. Como será o evento?
O congresso, que é parte da segunda Semana de Engenharia da Ufla, tem como tema este ano “A união das engenharias em prol do desenvolvimento do País”. Optamos pelo tema devido à necessidade de colocar em discussão o assunto, a contribuição das diversas áreas que concernem à engenharia e ao papel do engenheiro para o desenvolvimento do Brasil. O objetivo do congresso é também enriquecer a formação dos estudantes que participam, incentivar e proporcionar conhecimento tecnológico, promover debates que possibilitam o desenvolvimento dos futuros engenheiros e a aproximação entre os conteúdos acadêmicos e as aplicações práticas, já os preparando para o mercado de trabalho.
* Publicação da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Edição 185, de outubro de 2017. Por Jéssica Silva. Foto: arquivo pessoal.