A presidenta Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira (1º) que o comportamento da taxa básica de juros (Selic) no Brasil dependerá da conjuntura internacional. Na véspera (31) o Banco Central (BC) decidiu reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual, para 12% ao ano. Embora tenha defendido a queda dos juros na última terça-feira (30) e dito que a elevação do superávit primário pelo governo federal criava condições para que isso ocorresse, a presidenta destacou que o BC tem autonomia.
“Desde o governo do ex-presidente Lula, e até anteriormente a ele, optou-se por uma relação entre o governo e o Banco Central de autonomia. Acredito que a situação internacional mudou o sentido do que estava acontecendo, porque vimos três aumentos de taxas de juros no início do nosso governo. Acredito que, dependendo do que ocorrer na conjuntura internacional, teremos um aumento ou diminuição [dos juros], não dá para, de forma muito antecipada, prever isso”, disse em entrevista a rádios de Minas Gerais.
Na avaliação da presidenta, a crise econômica terá duração longa, de mais de dois anos, e as consequências ditarão o ritmo de algumas decisões econômicas daqui para frente. “Ninguém sabe como vai se comportar, se houver quebra de banco é um cenário, se a crise continuar com as economias internacionais com processo de estagnação, na melhor hipótese, e de depressão, na pior hipótese, temos outra configuração.”
A presidenta voltou a dizer que o Brasil deve usar a crise econômica como uma oportunidade para fortalecer as indústrias e o mercado interno. “O governo mantém o investimento, programas sociais, estimula a economia, mas tem que dar um exemplo de austeridade, por isso aumentamos nosso superávit em R$ 10 bilhões, porque achamos que se abre uma oportunidade com essa crise”, destacou. "Para isso temos que nos fortalecer economicamente, melhorar a gestão pública e tirar disso todas as oportunidades para que o Brasil transforme os efeitos dessa crise em seu favor”, acrescentou. (ABr)
A entrevista ocorreu na Base Aérea de Belo Horizonte. Enquanto isso, em Brasília, Centrais sindicais distribuiam sardinhas assadas em frente ao Banco Central, como protesto a favor da redução da taxa básica de juros.
imagem: Centrais sindicais distribuem sardinhas assadas em frente ao Banco Central
Marcelo Casal Jr, ABr
www.cntu.org.br