João Guilherme Vargas Netto*
Há duas linhas expressivas que atravessam toda a sociedade e se cruzam formando o X da questão.
A primeira delas, decorrente da própria confusão que estamos vivendo, é a linha da ordem e da exigência de arrumação em um ambiente que desagrada a todos.
A outra, decorrente da precariedade social e do travamento da economia, é a linha das expectativas e das reivindicações exigindo atendimento e proteção.
Cada uma delas pode ter, na arena política, um outro nome e ser apresentada pelos porta-vozes ou pré-candidatos de maneira mais ou menos incisiva e convincente.
Mas é sua intersecção que provocará uma avalanche de votos e um lugar proeminente para quem, descoberto este centro de gravidade, considerá-lo como fulcro de sua campanha.
Para o movimento sindical dos trabalhadores esta intersecção tem o nome de resistência.
Resistência ao desarranjo e à insegurança provocados pela lei trabalhista celerada nas relações de trabalho e na capacidade de ação dos sindicatos (e demais entidades) e resistência quanto às reivindicações a serem atendidas, a começar pela retomada do desenvolvimento, diminuição do desemprego e respeito aos acordos e convenções coletivas.
A agenda prioritária da classe trabalhadora encarna a disposição de luta do movimento sindical e, em uma história que valoriza a CONCLAT do Pacaembu e o Compromisso pelo Desenvolvimento, apresenta-se na atualidade política brasileira como a grande contribuição sindical nas disputas eleitorais.
Se a agenda prioritária – unidade, resistência e emprego – for encampada pelos candidatos em resposta às demandas de segurança e de atendimento às reivindicações dos trabalhadores poderemos contribuir para a vitória daqueles mais favoráveis à democracia e ao progresso social, contra o reacionarismo de uma ordem truculenta e a demagogia de um populismo oportunista de ocasião.
*Consultor sindical.