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24/10/2011

Saneamento põe o País no atraso

Atlas do saneamento 2011 identifica que 44,8% dos 5.564 municípios do país continuam sem redes coletoras de esgoto sanitário, o que corresponde a 35 milhões de habitantes de 2.495 cidades expostos a doenças e ao risco de morte.

       Longe de ser chavão de sanitarista, não há saúde sem saneamento. Historicamente, esse conjunto de procedimentos serve para alcançar razoável nível de higienização em setores urbanos e rurais, para a proteção da saúde humana — o que vem sendo seriamente negligenciado no Brasil. Os dados do Atlas do saneamento 2011, divulgados em 19 de outubro pelo IBGE, depositam no Estado brasileiro uma velha dívida com a população. A pesquisa identifica que 44,8% dos 5.564 municípios do país continuam sem redes coletoras de esgoto sanitário, o que corresponde a 35 milhões de habitantes de 2.495 cidades expostos a doenças e ao risco de morte.

       Diante dos números, fica difícil acreditar que isso ocorre em uma nação desenvolvida ou em desenvolvimento. São indicadores que fazem cair por terra a onda de otimismo em relação a crescimento econômico, balança comercial etc. De que adianta tudo isso, se o atraso e a inação das autoridades investidas no papel de saneadoras do problema demarcam outro tipo de território — o do abandono e o do subdesenvolvimento?

       O pior é constatar que procedimentos simples como tratamento de água, canalização e limpeza de esgotos ou de resíduos orgânicos estão disponíveis no Brasil desde o fim do século 19. A realidade é que — mais de 100 anos depois — ainda morrem milhares de pessoas no Brasil, sobretudo menores de 10 anos, em decorrência da falta de saneamento básico, principal condutor de doenças que poderiam ser evitadas, tais como diarreia por vírus, verminose, hepatite tipo A, disenteria amebiana, disenterias bacterianas (como cólera) e esquistossomose, entre outras.

       Saneamento básico não representa despesa, significa investimento na saúde humana e no meio ambiente. Talvez a falta de atenção pública para o problema possa ser explicada pelo batido adágio de que o que está debaixo da terra, por ser invisível, não dá voto. Afinal, para cada R$ 1 aplicado no setor, economizam-se R$ 4 em saúde. No caso brasileiro, igualmente grave é que, na escala dos índices revelados pelo Atlas do saneamento, a omissão faz perdurar realidade de antigos contrastes. Enquanto no Sul, no Sudeste e em boa parte do Centro-Oeste identifica-se uma melhora em termos de expansão de redes de esgotamento sanitário e água tratada, no Norte e Nordeste a situação pouco sofreu alteração nos últimos 10 anos, com 15,3 milhões de pessoas desamparadas.

        Bahia, Maranhão, Piauí e Rondônia registraram os piores indicadores, enquanto o Distrito Federal possui a melhor taxa — 83,6% — de domicílios atendidos com esgoto sanitário. Em Rondônia, apenas 1,6% das residências contam com o serviço. Perante esse panorama de contrastes, vemos que passou da hora de levar a sério as pesquisas financiadas pela própria União. A chance de inverter a situação, com a evolução desses indicadores da miséria brasileira para um quadro mais saudável, pode estar no valor dos investimentos na área anunciados pelo governo na semana passada — R$ 45 bilhões a partir de novembro. É ver para crer.



www.fne.org.br




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