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30/01/2019

Entrevista - A engenharia que venceu o vôlei

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

Emanuelle Garcia Reis, "mineira" de Varginha, mas nascida em Irati (PR), saiu cedo de casa. Aos 16 anos de idade foi jogar no time de voleibol do Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte. Um ano depois já era aluna de engenharia civil na Pontifícia Universidade Católica (PUC), também na capital mineira. “Eu estudava de manhã e a tarde até a noite treinava no Minas.” Entre 19 e 20 anos, conta ela, teve de escolher entre as duas profissões (vôlei ou engenharia). “Escolhi a engenharia.”


Fotos: Arquivo pessoal
600 Emanuelle 1Emanuelle no setor de Laminação da Gerdau, em Ouro Branco.

 

Hoje, aos 42 anos, casada e com uma filha de 8 anos, além, como faz questão de dizer, de cuidar da mãe que tem Alzheimer e do pai com câncer (“são meus amores”, faz questão de dizer), ela trabalha na Gerdau como engenheira sênior especialista em laminação. Vamos conhecer um pouco a história dessa profissional que trabalha em Ouro Branco, também em Minas Gerais.

 

Como foi sua decisão por fazer engenharia? Teve influências familiares?
Meu pai me influenciou delicadamente e de forma indireta, pois ele é engenheiro civil. Ele sempre me dizia que a engenharia civil era a engenharia mais completa, pois existiam muitas áreas diferentes que eu poderia explorar e me aperfeiçoar.

 

Como foi atuar na área depois de formada? Sentiu alguma discriminação por ser mulher?
A única vez em que trabalhei com engenheira civil foi na época dos estágios durante a faculdade. Meu primeiro e atual emprego é numa siderúrgica chamada Gerdau que fica em Ouro Branco. Trabalho nela há 18 anos. Iniciei como engenheira civil, mas em seis meses mudei de área. Passei num teste interno e fui selecionada para a área de Laminação de Perfis, onde só existiam engenheiros mecânicos e metalurgistas. O meu grande desafio profissional iniciou-se nesse momento. Nunca sofri discriminação por ser mulher. É obvio que tive muitas dificuldades, mas sempre consegui me defender.

 

Pode-nos falar sobre a sua rotina de trabalho na Gerdau?
Iniciei como engenheira trainee. Atualmente sou engenheira sênior especialista em laminação. Sou responsável pelos modelos matemáticos da linha de laminação de chapas grossas. Basicamente minha rotina profissional é a seguinte: analisar e corrigir falhas operacionais e de processo; analisar e controlar estatisticamente o processo de laminação visando garantia da qualidade do produto final; controlar e melhorar a estabilização de processo; participar no desenvolvimento de novos produtos, e aprimorar e otimizar os modelos matemáticos de processo.

 

Já na profissão você continuou fazendo cursos, estudando?
Sim. Fiz mestrado em engenharia metalúrgica na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) com foco em conformação mecânica. Nessa fase pude aprimorar e ampliar meu conhecimento técnico e aplicá-lo na prática. Atualmente faço doutorado. O engenheiro precisa se atualizar constantemente e nunca perder oportunidades de ampliar o seu conhecimento técnico.

 

600 Emanuelle 5Depois da graduação, Emanuelle fez mestrado em engenharia metalúrgica na Universidade Federal de Minas Gerais;
e agora faz doutorado.

 

Qual profissional da área o mercado de trabalho busca hoje?
Em minha opinião, esse profissional deve ter diversas competências. Primeiramente, deve-se ter uma visão técnica nesse novo contexto de produção. A formação técnica durante a universidade deve ser aproveitada ao máximo, e se possível realizar estágios para ganhar experiência e tentar correlacionar teoria e prática. É importante saber lidar com tecnologia, matemática e estar preparado para mudanças e inovações.

 

O profissional deve ser flexível às mudanças, tais como, mudanças de função, horários de trabalho etc.. Ele deve ter um bom relacionamento com os colegas de trabalho e saber lidar com as diferenças. O respeito entre as pessoas deve sempre prevalecer. Trabalho em equipe, ações colaborativas entre as pessoas e atividades compartilhadas são muito valorizados. Um ponto importante no início da carreira é saber ouvir e ser humilde para dizer eu não sei fazer, mas vou procurar como fazer com presteza e prontidão.

 

O domínio de idiomas, como o inglês, é imprescindível, assim como a atualização constante. Isso significa que ao terminar a faculdade, começa um tempo permanente de muito estudo, esforço e dedicação. Necessários para melhorar o desempenho profissional e a criatividade.

 

Por último, entendo que gostar do que faz é fundamental. Quando encontramos a profissão certa, fazemos tudo com muita dedicação, esforço e qualidade.

 

Como você classificaria a sua trajetória profissional desde a graduação?
Sou muito feliz e motivada na minha profissão. Também tenho muito orgulho dos amigos que fiz dentro da empresa. Consegui romper muitas barreiras que eu não imaginava conseguir. Enfim, além de me transformar tecnicamente, também me transformei em um ser humano melhor.


600 Emanuelle 8A nossa engenheira, com a bola, deu um jeito de continuar jogando vôlei, inclusive levando a filhota de 8 anos, Sofia Reis Passos.

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