Para minimizar impactos ambientais da obra, a ALL implementou programas para controlar erosão, garantir a qualidade das águas e zelar pelas áreas úmidos, além de monitorar a fauna da região e recompor áreas degradadas.
A expansão da Ferronorte até a cidade de Rondonópolis, no Mato Grosso, vai provocar um forte impacto econômico na região. Quando o trecho de 252 quilômetros de extensão estiver concluído em 2013, os dois novos terminais da ferrovia receberão mais 12 milhões de toneladas de carga por ano, escoando a produção de grãos do Estado até o Porto de Santos, com previsão de chegar a 17,5 milhões de toneladas em 2015.
"Inicialmente, vamos transportar grãos, especialmente de soja, mas também queremos cargas de óleo de soja, milho, algodão, madeira certificada, contêineres refrigerados e derivados de petróleo. Tudo vai depender da demanda futura", afirma Thiago Trevisan, gerente de Infraestrutura de Projetos da ALL, concessionária da ferrovia.
O custo total do projeto é de R$ 750 milhões, sem contar a construção dos terminais de Rondonópolis e Itiquira, sendo 90% financiado pelo BNDES.
A obra é dividida em três trechos. O primeiro, de apenas 13 quilômetros, já está concluído. O segundo, em andamento, possui 163 quilômetros de extensão e o último terá mais 76 quilômetros de trilhos. Para minimizar impactos ambientais da obra, a ALL implementou programas para controlar erosão, garantir a qualidade das águas e zelar pelas áreas úmidos, além de monitorar a fauna da região e recompor áreas degradadas.
Ao todo, 112 quilômetros já foram concluídos até o Terminal de Itiquira, onde as obras estão em fase de acabamento. Duas pontes, de 120 e 380 metros, foram construídas nessa fase do projeto, que consumiu mais de 190 mil dormentes, 16 mil toneladas de trilhos e aproximadamente 340 mil metros cúbicos de pedras. O terminal, por sua vez, terá aproximadamente seis quilômetros de extensão, com uma área de quase 70 hectares e deve receber mais 2,5 milhões de toneladas por ano de carga quando o trecho entrar em operação.
"Estamos aguardando o licenciamento do Ibama e a autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres para começar a operar esse trecho até o fim do ano", conta Trevisan.
Já o terminal de Rondonópolis deve se converter em um Complexo Intermodal, que segundo a ALL será o maior do país. Trata-se de um gigante de 400 hectares, com uma estrutura moderna de carga e descarga ferroviária. "Teremos capacidade para abastecer simultaneamente dois trens, com cargas diferentes, em até seis horas, num total de 120 vagões", diz Trevisan. "Será um ganho de produtividade enorme."
O projeto atrai importantes players do agronegócio, como o Noble Group, trading de commodities que já definiu uma área no Complexo de Rondonópolis para implantar uma indústria de biodiesel.
Além disso, o projeto prevê a implantação de uma área de serviços com 230 mil metros quadrados para atender os caminhoneiros e a população local. O complexo contará com shopping, banco, farmácia, supermercados, hotel, restaurante e posto de combustível e estrutura para receber até 1,5 mil caminhões por dia. Ao todo, a estrutura de expansão da Ferronorte vai gerar 3,5 mil empregos na região quando a obra estiver concluída.
Para Peter Wanke, coordenador do Centro de Estudos de Logística do Coppead, da UFRJ, a expansão da Ferronorte é um grande negócio para a ALL. "Com a perda de fôlego da Malha Sul, provocada pela redução no ritmo de crescimento da indústria, a empresa recupera terreno na Malha Norte, refletindo um movimento de especialização da economia brasileira em commodities", observa. Wanke acredita que a expansão da Ferronorte também estende ainda mais a área de influência do Porto de Santos. "Isso vai aumentar ainda mais o papel já hipertrofiado de Santos na logística do país", diz.
(Carlos Vasconcelos, Valor)
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