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22/03/2019

Redução de resíduos e poluentes em debate

Jéssica Silva
Comunicação SEESP

 

Dando sequência às atividades do segundo dia de evento, o Encontro Ambiental de São Paulo (EcoSP), realizado pelo SEESP com o apoio da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), promoveu, na tarde desta sexta-feira (22/3), um debate sobre conscientização.

 

O engenheiro ambiental Luiz Gabriel Vasconcelos falou sobre sua participação no Núcleo de Educação Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (Neamb-UFSC) e atuação no projeto Escola Lixo Zero, de gestão de resíduo sólidos em escolas em que desenvolveu sua tese de mestrado. Ele ressaltou que ter a informação não significa necessariamente em mudança de atitudes. “Falta coerência entre o saber e o fazer”, declarou o palestrante.

 

Nesse sentido, Vasconcelos abordou como os hábitos são construídos socialmente, com interferências da família, das escolas e da mídia. Esta última responsável pela difusão do hábito de consumo, de facilidade e rapidez que induz o descarte inconsciente, segundo ele.

 

Já nas escolas, a educação ambiental, conforme ele contou, muitas vezes provém de atitudes isoladas de professores ou pequenos projetos que conscientizam, mas, por falta de valorização, não resultam de fato numa mudança significativa. “Temos essa inércia que torna a mudança cultural mais difícil de acontecer”, opinou.

 

O desafio Escola Lixo Zero teve início em 2016, no Colégio de Aplicação da UFSC, com a proposta inicial de não produzir lixo por uma semana. A metodologia consiste em criar um coletivo em que “o próprio aluno é o protagonista dessa mudança”, segundo explicou Vasconcelos, que propõe ações para o alcance da meta. “O que a gente vê é que começa com um pequeno grupo, que talvez já tenham famílias com interesse pelo tema, que se preocupam com a questão, mas que vai aumentando aos poucos”, atestou ele.

 

O resultado do projeto piloto foi a diminuição pela metade da produção de resíduos na escola, de 67kg por semana para 33kg. Para que a escola seja “lixo zero”, Vasconcelos colocou como pontos principais a mobilização por meio de desafio, para “quebrar a inércia entre a iniciativa do professor e a mudança da comunidade como um todo”, e a inserção do tema no currículo escolar, “para que se continue”.

 

Na visão dele, o que faz a transformação do hábito é o exemplo, o cultivo cotidiano. “Temos que assumir nosso papel de cultivadores da cultura do mundo”, ele ressaltou. E citou a tragédia em Brumadinho (MG) como exemplo: “o material que a gente descarta aqui vêm dessas minas (...) é uma mudança ética que evita problemas socioambientais”.

 

 

Fotos: Beatriz Arruda
Luiz XEcoSP
Luiz Gabriel Vasconcelos: “Falta coerência entre o saber e o fazer”.

 

 

Olímpio de Melo Alvares Junior foi o segundo palestrante da mesa. Alvares atuou por 26 anos na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), onde recebeu o desafio de desenvolver um plano de inspeção veicular, que veio a se tornar o Programa de Inspeção Veicular Ambiental brasileiro.

 

Apesar das discussões políticas que envolvem o assunto, em que se mudam as regras com a mudança de governo, o engenheiro mecânico ressaltou os benefícios das inspeções ambientais e também as integradas, que avaliam não somente as emissões de poluentes como as condições de segurança dos veículos.

 

Alvares deixou claro aos participantes que a inspeção se faz necessária principalmente se tratando dos veículos movidos a diesel, que, sem a devida manutenção, emitem a “fumaça preta, com material particulado cancerígeno”, conforme ele relatou. E apresentou o dado: “São 8 mil mortes por ano só na região metropolitana de São Paulo ocasionadas por esta poluição”.

 

Além da redução da poluição do ar e sonora, assim como mortes e doenças decorrentes, a inspeção pode atuar na prevenção de acidentes. Segundo Alvares, estima-se que 3% dos acidentes de trânsito são causados por falhas mecânicas que poderiam ser detectadas em inspeções de segurança.

 

Outro ponto abordado pelo palestrante é que, em uma análise realizada comparando dados de uma cidade que possuía a inspeção com uma que não realizava a atividade, o consumo de combustível foi reduzido em 5% ao ano, “o que significa menos CO2 na atmosfera”, ele ressaltou.

 

 

Olímpio XEcoSP
O engenheiro mecânico Olímpio de Melo Alvares Junior abordou a importância de inspeção veicular em plenária do IX EcoSP.

 

A nona edição do EcoSP ainda contou com a quinta sessão plenária, colocando em pauta a gestão pública e privada em prol do meio ambiente.  

 

 

 

 

 

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