Soraya Misleh
Comunicação SEESP
Com o propósito de sedimentar o caminho à superação de eventuais desafios nas negociações coletivas e obtenção de bons resultados, o SEESP realizou seu Seminário de Abertura das Campanhas Salariais. Em sua 19ª edição, o evento ocorreu em 30 de abril último, na sede do sindicato, na Capital.
Murilo Pinheiro, presidente da entidade, destacou no ensejo a importância do protagonismo do SEESP à defesa da categoria. “São quase 300 mil representados no Estado e 68 mil associados.” Na atuação em prol dos engenheiros, o sindicato conta com sedes na Capital e no Interior – são 25 delegacias e três núcleos. No total, 400 diretores e 800 delegados compõem a gestão.
Foto: Beatriz Arruda
Murilo (ao púlpito) dando início ao seminário que avaliou a conjuntura das Campanhas Salariais.
“Entendemos que a saúde da empresa é a nossa (dos trabalhadores), e vice-versa. Que tenhamos sucesso, por um País mais justo, com mais oportunidades”, complementou Murilo, lembrando que o momento é delicado e “vamos ter que crescer na crise”. Essa é uma das piores por que o País já passou, segundo o economista Odilon Guedes, conselheiro consultivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU). Os dados são alarmantes: “Ao todo, são 32,8 milhões entre desempregados, desalentados (que desistiram de procurar trabalho) e precarizados.” Além disso, conforme expôs Guedes, dos 92,6 milhões de ocupados, 43,5% estão na informalidade, perfazendo quase 40 milhões. E há 62 milhões de inadimplentes.
“A estagnação é enorme desde 2014. O País está em recessão, o nível de investimento é baixo, caiu a demanda, o consumo e a arrecadação. Enquanto isso, o governo pagou R$ 1,3 trilhão de juros da dívida pública e empresas devem à União mais de R$ 2 trilhões. A reforma da Previdência, apresentada como panaceia, vai reduzir ainda mais recursos ao Estado brasileiro”, salientou. Entre os exemplos do impacto dessa reforma, ele citou mudança no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que diminuirá os que teriam direito e o valor, ampliando ainda a idade à obtenção. “A renda per capita será de menos de ¼ do salário mínimo, e a idade, 70 anos”, explicou. Guedes frisou: “Este é o quadro em que se darão as negociações. Apesar das dificuldades, tem que se manter os direitos e benefícios, garantir reposição da inflação e a participação dos engenheiros nos lucros das empresas.”
Para Antonio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a conjuntura política aponta para a necessidade de unidade e busca por agenda positiva, além de equilíbrio. Na sua ótica, o governo eleito não demonstra ter habilidade à moderação e ao bom senso. “É preciso pressão da sociedade”, defende, lembrando a importância das entidades sindicais neste contexto.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical do SEESP, ressaltou que é preciso ter racionalidade nessas negociações, a despeito das dificuldades. Lembrou que a entidade “trava o bom combate, com elegância”. E que é importante extrair no momento as lições do passado para tentar compreender o futuro da melhor forma possível, saudando a posse de estudantes e recém-formados em engenharia voluntários ao Núcleo Jovem no mesmo dia.
As empresas
Sebastião Santos, gerente de recursos humanos da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), lembrou da mudança na gestão da empresa, privatizada ao final de 2018, mas tranquilizou a categoria: “Acredito que vai ser uma boa relação, transparente. Tenho certeza que será uma boa negociação.”
Nessa linha, Daniel Roberto Bocoli, coordenador de relações trabalhistas e sindicais da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), destacou: “Valorizamos o diálogo. Tentamos solucionar os problemas no dia a dia junto ao sindicato, com transparência. Isso ajuda muito no momento de discussão da data-base. Vamos chegar a um bom acordo.” Essa visão também foi expressa por Paulo Egídio Santos Roslindo, especialista em relações trabalhistas e sindicais da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep). “O SEESP vem negociando com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) há cerca de 30 anos. A briga é para atingir o ganha-ganha. Precisamos negociar para deixar a empresa em pé”, ressaltou seu gerente de recursos humanos (RH), Luiz Brasil Dias Runha, que afirmou seu orgulho de ser engenheiro sindicalizado há 47 anos.
Também participaram do seminário e afirmaram a disposição ao diálogo William Domingues das Neves, técnico de gestão da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp); Augusto Coelho, analista de cargos e salários da São Paulo Transporte (SPTrans); Irineu da Silva Filho, diretor de representação da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET); Márcio Aparecido Afonso, gerente de relações trabalhistas e sindicais da Telefônica Brasil; Carlos Eduardo Mendes Soares, analista de RH da Usiminas – Cubatão; Marco Antonio Oliva, negociador do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco-SP); e José Armando, gerente de Cargos, Salários e Relações Sindicais da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
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