Por Marcius Vitale*
Com uma demanda avassaladora por produtos e equipamentos, para atendimento a novos projetos, muitos ISPs estão adquirindo estes insumos sem levar em consideração a qualidade. As aquisições são realizadas pelo menor preço, o que acaba por encurtar a vida útil das redes implantadas e queda na qualidade dos serviços prestados.
Nos tempos da antiga holding Telebrás, coordenei por muitos anos os processos de certificação de produtos, equipamentos e sistemas que eram fornecidos para as 28 empresas operadoras estaduais mais Embratel.
Mesmo com o fornecimento de produtos exclusivamente dirigido para as operadoras estaduais, o que era de alguma forma um mercado cativo para os fornecedores, tínhamos rígidos processos de controle do que era fabricado, processado, importado e entregue para as operadoras.
Controlávamos a qualidade dos produtos pelo SAUF, Sistema de Aceitação Unificado em Fábrica e mantínhamos engenheiros especializados dentro das estruturas fabris, para a execução de testes de conformidade em amostras coletadas diretamente da linha de produção.
Além do procedimento citado no item anterior, também coletávamos amostras de produtos fornecidos e estocados em almoxarifado e no campo, para uma reavaliação periódica. Este era o método utilizado, para uma garantia adicional de atendimento às normas e exigências técnicas – Práticas Telebrás.
O primeiro passo para liberarmos a comercialização dos produtos, era a execução de rigorosos testes em campo e laboratório. Se tudo estivesse OK, emitíamos o Certificado da Qualificação Técnica, denominado AQT, que era o passaporte para o fornecimento dos produtos para as empresas operadoras estaduais mais Embratel.
Para complementar o ciclo de avaliações laboratoriais, todos os produtos pós instalados, eram assistidos ao longo dos anos, por um processo que desenvolvemos denominado – Acompanhamento do Desempenho do Produtos em Campo.
Qualquer problema detectado no ciclo de vida do produto instalado, ações eram implementadas junto ao fabricante, para a eliminação das não conformidades. Com todo o controle implantado na época, frequentemente tínhamos que tomar a decisão de interromper o fornecimento dos produtos e equipamentos, exigindo dos fornecedores a correção dos problemas detectados.
Para assegurar a longevidade do que era implantado, realizávamos também competentes cursos de treinamento da mão de obra dos profissionais das operadoras e prestadores de serviço, para garantir que os produtos qualificados fossem instalados e mantidos corretamente.
Sem gestão da qualidade do que é adquirido e implantado, apoiado por competentes ações treinamento e fiscalização dos projetos em campo, observamos que a conta não fecha, trazendo transtornos, perda de receita, desgaste na imagem da empresa e insatisfação e reclamações dos clientes.
Os antigos procedimentos não caíram em desuso, e devem ser modernizados e aplicados para quem quiser garantir a longevidade da sua infraestrutura.
É inadmissível que novas tecnologias e novos produtos sejam adquiridos e implantados não considerando os conceitos citados neste artigo.
* é engenheiro, consultor e coordenador do Grupo de Infraestrutura do SEESP