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11/03/2021

Artigo - Covid-19 é uma reprise assustadora com final desconhecido

Carlos Magno Corrêa Dias*


“Algumas comunidades fecharam todas as lojas ... Houve relatos de que os profissionais de saúde não podiam cuidar dos doentes, nem os coveiros enterrar os mortos pois eles também estavam doentes. Sepulturas em massa foram cavadas e os corpos enterrados sem caixões em muitos lugares”.

 

mulher quarentena freepikFoto: Free Pik

 

“Os médicos da época não sabiam como tratar adequadamente a doença, primeiro, por ela ser nova, e segundo, porque a medicina até então não tinha conhecimento suficiente para tal ação. Uma série de medicamentos começaram a ser administrados nos pacientes como tentativa de combatê-la, mas mostraram-se ineficazes”.

“Os tratamentos dedicaram-se ... a aliviar o sofrimento dos pacientes ... o colapso dos sistemas de saúde ocorreu em diferentes locais onde a doença chegou, e nem todos tiveram acesso ao tratamento devido”. Isto forçou ... a improvisação de hospitais e de leitos para atender as pessoas que adoeciam. ... os pacientes mais graves e que desenvolviam infecções sofriam consideravelmente ... muitos locais adotaram medidas de isolamento social ... foram decretados o fechamento de escolas, igrejas, comércio e repartições públicas ... adotou-se o uso de máscaras para reduzir-se o contágio ... Muitos locais incentivaram a população a entrar em quarentena”.

“A primeira onda se assemelhava às epidemias típicas de gripe; os que estavam em maior risco eram os doentes e os idosos ... Em agosto, quando a segunda onda começou ... o vírus havia se transformado em uma forma muito mais mortal”.

Acredite, os parágrafos precedentes não relatam fatos sobre a pandemia de Covod-19. Tais observações são recortes de notícias sobre a devastadora pandemia de Gripe Espanhola de 1918/1919 ocorrida no planeta há mais de 100 (cem) anos atrás. E acredite, também, a humanidade já passou por outros sufocos semelhantes por outras várias vezes.

Então, seja inteligente. Leia a história para melhor compreender a gravidade da situação que se vive atualmente e que poderá se complicar ainda mais. Se puder, fique em casa. Se não puder ficar em casa, siga, inquestionavelmente, os protocolos de prevenção.

De momento, não existem outras opções. Não há mágica. A vacina é, certamente, “uma luz no final do túnel”. Porém, este túnel é longo e repleto de dificuldades e incertezas. Muito se pode aprender com as pandemias do passado para amenizar um pouco toda a dor que a Covid-19 está gerando e ainda proporcionará até o seu pleno controle.

O domínio da Covid-19 está muito longe de ser atingido e muito ainda terá que ser realizado e entendido para que a humanidade possa vencer como aliás sempre venceu as pandemias anteriores.

Todavia, a colaboração de todos é fundamental para se frear a evolução da contaminação. As recomendações continuam sendo as mesmas; ou sejam:

- abraços, beijos, apertos de mãos, nem pensar; mas seja sempre cordial e simpático;

- ao chegar em casa trocar toda a roupa e colocar para lavar e tomar um banho;

- ao tossir ou espirrar cobrir nariz e boca com um lenço ou com o antebraço, e jamais com as próprias mãos;

- estando fora de casa não compartilhar quaisquer objetos pessoais;

- evitar sempre tocar olhos, nariz e boca com as mãos a qualquer tempo e lugar;

- higienizar todos os objetos de uso contínuo e frequente;

- lavar periodicamente as mãos com água e sabão até a altura dos punhos ou higienize as mãos com álcool em gel 70%;

- manter os ambientes limpos e bem ventilados seja em casa ou no trabalho;

- na rua mantenha distância mínima de cerca de 2 metros de qualquer pessoa mesmo que a pessoa não esteja tossindo ou espirrando;

- procurar dormir o melhor possível e se alimentar de forma saudável;

- quando sair nas ruas usar máscara (o uso de máscaras não é uma opção);

- se puder (se tiver a opção), ficar em casa; e,

- se receber pessoas em casa estranhas ao seu convívio diário, todos devem usar máscaras.


Seja inteligente. Acredite, Covid-19 mata e não fica escolhendo quem vai matar. Apenas contamina oportunamente quem estiver ao seu alcance e depois mata se as condições forem favoráveis à morte.


Procure manter o distanciamento social e não gere ou participe de aglomerações. Entenda que quanto mais as pessoas se mantiverem longe de aglomerações o coronavírus não tem como infectar estas mesmas pessoas.


Não se trata de isolamento absoluto, apenas não contribua para que o coronavírus da Covid-19 tenha as pontes que necessita para se manter circulando e contaminando.

Portanto, entenda que:


- bater pernas na rua a esmo (ao acaso, sem rumo) sem propósito;

- beber no bar com os amigos;

- dar aquela voltinha rápida na quadra para espairecer;

- dar voltas com o cachorrinho estressado de tanto ficar em casa;

- fazer festinha no salão de festas do apartamento;

- ir no parquinho com os filhos;

- passear no parque;

- reunir a turma para jogar baralho;

- reunir amigos no portão de casa;

- sair no mesmo dia mais de cem (100) vezes para ir no mercadinho;

- visitar a amiga para um café para atualizar a conversa;

- visitar parentes;


dentre outras ações não ajudam neste momento sério; pelo contrário, apenas contribuirão para o fortalecimento do coronavírus que terá mais opções e tempo para se expandir e contaminar.
 

Não brinque. A situação é séria. Não arrisque e não ponha a vida das pessoas ao seu redor em risco. Não se sabe como o coronavírus gerador da Covid-19 seguirá mutando, se alterando, se transformando e se fortalecendo. Mas, as cepas (variantes, mutações) já se mostram mais agressivas que o original.

Acredite: a despeito do início das ações de imunização por meio da vacina o coronavírus causador da Covid-19 não sabe ainda que a pandemia vai ser controlada (pois será sim controlada). Mas, enquanto a Covid-19 continuar se alastrando e matando muito rapidamente as pessoas é mais que necessário que cada um ajude a evitar a propagação da doença no limite de suas possibilidades.

Então, mantenha a mente aberta. Se informe. Sem diz que diz, sem propagar falsas notícias, sem mais mimimi. Seja precavido. Não seja tolo ou irresponsável. Não queira ser o próximo a figurar nos obituários de sua cidade como mais uma vítima fatal da Covid-19.

Também, se você não tem como ajudar lutando efetivamente nesta guerra, siga os protocolos recomendados e, por gentileza, não inventa, não fale sobre aquilo que não sabe, não faça graça, não atrapalhe, não gere mais medo ou sofrimento.

Se não necessita, se não é urgente sua saída de casa (se não é de fato necessário ou imprescindível), se você tem a opção (privilegiada), continue em casa. Só não esquece que para você ficar bem em casa, guerreiros estão lá nas linhas de frente se expondo perigosamente. Muitos destes bravos morrerão sem sequer depois serem mencionados nominalmente nos noticiários. Esta é das partes mais tristes de todo horror que a Covid-19 vem gerando.

Se puder ajude com doações, seja solidário. A fraternidade e a solidariedade é mais que necessária em momentos miseráveis e cruéis onde todos estão no mesmo mar revolto, mas com embarcações muito diferentes e outros muitos sem quaisquer meios para se sobreviver. Ajude como puder, mas ajude.

Milhões ainda serão contaminados e dentre estes infectados milhares, certamente, perderão suas vidas. Isto não é ficção. Não é um filme dramático. É uma guerra e a humanidade está, notadamente em desvantagem.

É importante salientar, entretanto, que o diagnóstico precoce é, também, um fator determinante no combate ao coronavírus gerador da Covid-19. Assim sendo, caso se perceba sintomas compatíveis com a doença como febre (principalmente), tosse, dor de garganta e/ou coriza, com ou sem falta de ar, evitar imediatamente o contato físico com familiares (principalmente com os idosos e doentes crônicos) e procurar o serviço de saúde mais próximo da sua residência para a avaliação da situação. Quanto antes se tiver um correto diagnóstico tanto maiores serão as chances de sucesso no tratamento em seguida.

Ressalte-se, porém, que a doença é detectada por intermédio de dois tipos principais de exames: exame de detecção do vírus por RT-PCR ("Reação de transcriptase reversa seguida de reação em cadeia da polimerase") e os Testes Sorológicos (anticorpos presente no sangue).

Enquanto o RT-PCR é um método de biologia molecular que amplifica e identifica o material genético do coronavírus gerador da Covid-19 os Testes Sorológicos permitem a identificação do coronavírus por meio dos anticorpos (IgM e IgG) gerados. Todavia, os Testes Sorológicos não servem para o diagnóstico haja vista ser muito maior o risco de resultados falso positivos ou falso negativos. Os Testes Sorológicos evidenciam a atividade imune contra o coronavírus sem comprovar de fato a infecção.

Assim, o “padrão ouro” ou “padrão de referência” é o RT-PCR que identifica o coronavírus e confirma a Covid-19, pois o teste vem detectar (efetivamente) o RNA do coronavírus através da amplificação do ácido nucleico pela reação em cadeia da polimerase.

Embora idosos, pessoas com doenças respiratórias (como asma e bronquite), fumantes, diabéticos, hipertensos, pacientes com câncer, cardiopatas, pacientes com HIV, têm maior risco de desenvolver a forma grave da infecção da COVID-19, qualquer pessoa (mesmo sadia ou jovem) que não esteja nos grupos de risco podem contrair a doença de Covid-19, ter seu quadro de saúde agravado e vir a óbito.

Não se pode de momento afirmar (em absoluto) que a doença caminha para seu definitivo controle mesmo com o processo de vacinação avançando a cada dia que passa. No dia 10 de março de 2021 o mundo havia vacinado mais de 319,5 milhões de pessoas. No Brasil o número de vacinados correspondia, naquele mesmo dia, a pouco mais de 11,3 milhões de pessoas.   

Veja-se que a população do Brasil é estimada em 211,8 milhões de habitantes enquanto o mundo tem aproximadamente 7,78 bilhões de pessoas. Logo, em termos percentuais, o Brasil tinha cerca de 5,34% de sua população vacinada enquanto no mundo o percentual de vacinados era de apenas 4,11%. Proporcionalmente, então, o Brasil já havia vacinado mais que o mundo inteiro.

Também é de se registrar que desde abril de 2020 o percentual de pessoas curadas no Brasil é maior que o percentual de curados no mundo e que o número de pessoas curadas no Brasil seguiu crescendo contínua e velozmente desde abril de 2020 sendo atualmente 9,7 vezes maior que o número de casos ativos.

Porém, desde o início de 2021, o Brasil apresenta registro de uma média de 1,1 mil mortes por dia chegando no último dia 10 de março de 2021 a registrar 2,3 mil mortes em 24 horas. A situação é muito grave. Não é sensacionalismo. É fato. Os sistemas estão colapsando. Muitos desastres ainda vão acontecer até que a pandemia de Covid-19 se transforme em uma endemia tipo a da gripe H1N1 (por exemplo).

Não existem decisões fáceis a serem tomadas para vencer a Covid-19, mas se cada um fizer sua parte muita mais vidas serão salvas. A atitude e o comportamento de cada um são, pois, decisivos na luta contra o coronavírus gerador da Covid-19. Existe uma relação de interdependência de cada um nesta batalha. Acredite. Se cada um contribuir, mais rapidamente este pesadelo chamado Covid-19 vai virar só uma história a ser contada futuramente.

* é professor, pesquisador, conselheiro efetivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI), líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC), personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep). 


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