Agência Sindical
Após a reforma trabalhista de Michel Temer, que passou a vigorar em novembro de 2017, a classe trabalhadora só perdeu. Os números mostrados pelo boletim do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) "De Olho nas Negociações", de janeiro são impressionantes. No ano passado, 47,7% das negociações coletivas ficaram abaixo da inflação pelo INPC. Só 15,8% dos reajustes negociados tiveram ganhos reais. O Dieese informa que 36,6% dos acordos repuseram o índice inflacionário.
Saldo - Em 2018, primeiro ano de aplicação da reforma neoliberal de Temer, as perdas ante a inflação ficaram em 9,3%. No ano seguinte, as negociações coletivas acumularam perdas de 23,7%. Em 2020, chegou a 27,9% o índice de acordos coletivos abaixo da inflação. No ano passado, 47,7% dos acordos não conseguiram repor a inflação acumulada.
A situação pode sofrer ligeiras alterações se mais resultados de negociações forem inseridos na base de dados do Sistema Mediador do Ministério do Trabalho.
Além da reforma de Temer, o Dieese aponta como fatores negativos para os trabalhadores a recessão continuada, o alto desemprego, a informalidade e a perda de receita sindical, que trava as mobilizações das bases.
Razões - A Agência Sindical ouviu Fausto Augusto Júnior, coordenador-técnico do Dieese. Ele pondera: “Há relação de causa e efeito entre reforma trabalhista e perdas nas negociações coletivas. Não é o único fator, mas tem muito peso.”
O que está ruim pode piorar? Pode. O crescimento econômico de 2022 pode ficar perto de zero. “Há projeções de 0,3% ou de 0,5%, mas ainda não se tem um cenário mais palpável. Sabe-se, porém, que o crescimento, se houver, será muito baixo”, afirma o técnico do Dieese.
Confira o boletim na íntegra clicando aqui.