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18/04/2022

Duas novidades

 

João Guilherme Vargas Netto*

 

A primeira novidade, auspiciosa, nos vem dos Estados Unidos com a vitória dos trabalhadores da Amazon, ao criarem, pela primeira vez na empresa, seu sindicato local em Nova York. Naquele país, em algumas situações, o sindicato na empresa somente pode ser criado depois que uma votação dos trabalhadores o aprovar por maioria. Essas eleições são muito disputadas e as empresas exercem a maior pressão para derrotar a vontade de sindicalização dos trabalhadores.

 

Campanha vitoriosa: aprovada sindicalização na Amazon dos Estados Unidos. Foto: Twitter @jnmedina8989 

Na Nissan, em Canton, no Mississipi, por exemplo, alguns anos atrás, quando a campanha do sindicato dos metalúrgicos contou até com a presença solidária de companheiros brasileiros, a empresa “doou” um automóvel aos trabalhadores para votarem com ela e contra o sindicato, e venceu.

A vitória sindical na Amazon merece comemoração, por seu caráter exemplar, e contou com o apoio, parece, de ninguém menos que o presidente Biden.

 

A outra novidade, brasileira, é uma novidade requentada. A empresa iFood contratou importantes agências publicitárias de marquetagem política para que fizessem campanhas virtuais contra a organização dos trabalhadores por aplicativos, veiculando notícias mentirosas e provocadoras para perturbar, dividir e, se possível, impedir sua organização e mobilização. A denúncia dessa ação criminosa foi feita pela Agência Pública, com ampla repercussão na mídia grande, que detalhou os procedimentos nefastos.

 

A novidade é requentada porque a utilização de provocadores contra a organização e a luta dos trabalhadores é velha e bem conhecida – exceto a modernidade dos meios empregados agora pela iFood, que está sendo investigada.

 

Na história sindical brasileira no início do século passado o elemento desagregador antissindical e antioperário era chamado de crumiro, escrito na época com “k”, e essa expressão depreciativa (mais não a sua prática) caiu em desuso, não sendo registrada em nenhum dos quatro grandes dicionários atuais da língua portuguesa; o dicionário da Academia Espanhola a registra como fura-greve.

 

A ação criminosa e desprezível dos crumiros eletrônicos, portanto, é antiga e, assim como antigamente, merece a repulsa dos democratas.

 

 


 

*João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical e analista político

 

 

Fonte: Departamento de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado de São Paulo (Sintetel)

 

 

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