João Guilherme Vargas Netto*
Os dirigentes e ativistas sindicais deveriam ler, com atenção, O Globo de segunda-feira, dia 9.
A manchete gritava que o salário mínimo perdeu valor pela primeira vez em 28 anos.
E a matéria de página inteira, de Cássia Almeida e Taís Codeco, dava conta de que “Bolsonaro será o primeiro presidente desde o Real a deixar o salário mínimo valendo menos”.
O presidente da República com seu negacionismo em relação às conquistas dos trabalhadores conseguiu anular a política de valorização do salário mínimo que havia sido a maior vitória sindical no século XXI. E fez mais, fez que o salário mínimo perdesse valor devido à inflação – o que nos remete ao artigo de Miguel de Almeida, também na edição de segunda-feira.
O jornalista alertou para a “volta da carestia” e narrou como, ainda sob a ditadura militar, “o Dieese de Walter Barelli forneceu à oposição régua e compasso para ir às ruas com uma bandeira: abaixo a carestia. Foi o início real da derrocada da ditadura militar. Mesmo proibidas começaram a ocorrer greves e manifestações de rua. Embora reprimidas, foram montadas passeatas, a oposição ganhou fôlego e aderência à população – a inflação come o salário de esquerda e de direita!”.
Agora, como naquela época, a inflação e a carestia comem o salário dos trabalhadores nas negociações de data-base e fazem o povo deixar de comer no dia a dia.
E, garantido democraticamente o direito às manifestações e aliviadas as restrições sanitárias, é hora do movimento sindical ir às ruas contra a carestia em um movimento que tem tudo para ser crescente e aponta o caminho de mudanças efetivo.
*Consultor sindical.