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13/03/2023

Engenharia de Produção para reduzir custos sem perder qualidade

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

Conforme o Mapa da Profissão elaborado pela área de Oportunidades na Engenharia do SEESP, são atribuições do engenheiro de produção controlar “perdas de processos, produtos e serviços ao identificar, determinar e analisar suas causas, estabelecendo plano de ações preventivas e corretivas”.

 

Também cabe a esse profissional desenvolver, testar e supervisionar sistemas, processos e métodos produtivos; gerenciar atividades de segurança no trabalho e do meio ambiente, bem como exposições a fatores ocupacionais de risco; planejar empreendimentos e atividades produtivas; e coordenar equipes, treinamentos e atividades de trabalho.

 

Mais mulheres nessa liderança é o que vislumbra a engenheira de produção Yasmin Enomoto. Graduada pelo Instituto Mauá de Tecnologia em 2022, ela é uma das 10.339 profissionais da área no Brasil, conforme estatísticas do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), ante 31.380 homens.

 

Yasmin Enomoto: solução de problemas de chão de fábrica e projetos de empreendedorismo social. Foto: Acervo pessoal 

Engenheira de produção júnior da Sika Brasil, ela trabalha nessa multinacional há dois anos, tendo ingressado como estagiária. Assim se apresenta ao mercado de trabalho em seu LinkedIn: “Descobri minha adrenalina em processos fabris e seu planejamento. Lidar com situações de resolução de problemas rotineiros de chão de fábrica, juntamente com sua administração, mostrou-me outra visão de mundo.”

 

Nesta entrevista ao SEESP, entre outras questões, Enomoto fala sobre sua paixão pela profissão, impactos de seu trabalho nas empresas e na sociedade, além de mercado e perspectivas. No mês que marca o Dia Internacional da Mulher – 8 de março –, destaque para representatividade e enfrentamento de desafios e preconceito. Confira a seguir:

 

O que a levou a escolher a profissão de engenheira de produção? Conte sobre sua trajetória até os dias atuais.

A Engenharia de Produção é que nem camaleão, onde for há adaptação ao ambiente e processo. Isso fez eu me apaixonar de primeira, uma profissão que não me prendesse num só mercado. Minha trajetória começou com o empreendedorismo social, liderando projetos de impacto e posteriormente um time de 50 pessoas, pois nada melhor do que vivenciar e estar na gestão para dar o pontapé na visão de projetos, ciclos e fluxos gerenciais. Conseguir aplicar essa vivência numa área de estratégia (marketing), de projetos, na engenharia, de PCP [planejamento e controle da produção] e, finalmente, de operação, juntamente com toda técnica aprendida na faculdade, só confirmou para mim como essa profissão é universal.

 

Qual o projeto de maior destaque que participou?

Com certeza são os projetos de empreendedorismo social da Enactus [organização estudantil internacional com sede nos Estados Unidos e presença em 33 países, inclusive Brasil, que reúne alunos e líderes de negócios que almejam desenvolver projetos sociais com ação empreendedora]. É uma oportunidade que amplia sua visão de mundo e de sociedade. 

 

Você participou em 2019 do Evento Nacional Enactus Brasil (Eneb), considerado o maior encontro de empreendedorismo social da América Latina, representando um desses projetos, o Fiapo-por-Fiapo, destinado a empoderar mulheres por meio de capacitação pessoal e profissional. Qual a relação desse projeto com a Engenharia de Produção e sua vida?

O projeto Fiapo-por-Fiapo relaciona-se com a Engenharia de Produção principalmente no ponto de fazer muito com pouco. Por ser projeto de empreendedorismo social, os recursos são escassos, portanto ou “corre atrás” através de um networking na “rede de suprimentos” ou adapta o processo para entregar o mesmo resultado. Na minha vida, o projeto está conectado à parte humana mulher, que sente que mulheres conseguem ser empoderadas e se reerguer, parte que vivencia a importância da independência mental e financeira, e como esse sentimento tem que ser compartilhado. 

 

Apresentação do projeto Fiapo-por-Fiapo no Eneb em 2019. Foto: LinkedIn Yasmin Enomoto 

Poderia destacar suas referências acadêmicas, trabalhos de pesquisa e dar dicas de aprimoramento profissional (por exemplo, cursos, certificações, livros etc.)?

Os autores clássicos e de referência, Nigel Slack, Alistair Brandon-Jones, Robert Johnston, deram-me abertura para tal universo. Aprofundei-me em dois assuntos, na iniciação científica estudei os processos para construção de uma fábrica virtual, e no trabalho de conclusão de curso pesquisei sobre reduzir custo de estoque com planejamento e controle de produção. O que mais me auxiliou na parte acadêmica foi ser aberta a aprender sempre, a curiosidade guiada. Pensando em cursos, não recomendo um em específico, mas sim aquele que não está no seu assunto de conforto, pois depois você poderá relacionar com o que sabe e interligá-los de uma forma que não imaginaria. 

 

Quais as áreas de atuação para o engenheiro de produção? 

Onde há oportunidade de redução de custo sem perder a qualidade, e com visão de indicadores processuais, há Engenharia de Produção. O fundamento está no chão de fábrica, mas é possível atuar desde no mercado financeiro a projetos de transposição de fábricas 4.0. 

 

Como está o mercado de trabalho para o profissional hoje e quais as perspectivas?

O mercado está bom, com perspectivas de crescimento junto com a nova visão de economia circular e sustentabilidade econômica.

 

Quais os impactos do seu trabalho nas empresas e sociedade?

Há impacto na utilização de menos recursos resultando na mesma eficiência, direcionando os processos para uma preocupação com as pessoas, o planeta e a prosperidade. A produção otimizada conscientiza que tempo e recursos são finitos, e estimula a pensar em como fazer o melhor com o que temos.

 

Quais as inovações que percebeu na engenharia de produção nos últimos dez anos?

A inovação está junto com a produção customizada em larga escala, então todo pensamento, desde layout de fábrica até cadeia de suprimentos para esse novo mundo, demonstra o aperfeiçoamento da Engenharia de Produção. Por exemplo, conseguir comprar um maquinário com uma visão mais palpável, utilizando a simulação de produção em uma linha dessa máquina com cenários e recursos distintos, sem ter precisado construir fisicamente para entender como seria tal investimento. 

 

Neste mês de março, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, qual a mensagem que gostaria de deixar para as mulheres da engenharia e jovens que pretendem escolher a profissão?

Desde a derivada até o programar um robô fabril, todo esse caminho é trilhado para você que deseja desbravar e libertar seu potencial. Não há mistério nesse universo, tudo tem uma resposta exata, nem que seja o infinito. Essa experiência será só o início. 


Quais os obstáculos que ultrapassou sendo mulher na nossa sociedade e na área da engenharia?

Muitos acharam que eu não tinha capacidade, que “ciência exata não era coisa de mulher”. O preconceito e a desigualdade de gênero rodearam meu sonho, mas não entraram no meu ciclo, ciclo em que “engenhocas” eram e são para qualquer um. No mercado de trabalho não sofri discriminação direta, sempre procurei empresas com mesmos princípios, mas olhares de desconfiança, que é uma mulher que vai tocar o serviço, houve, porém nada que me abalasse. Minha atual líder, Andréia Carvalho, me inspira e muito. Ela está em posição de chefia de produção, em que antes eram só homens. Traz representatividade, garra e força em sua liderança ímpar, e não poupa tempo em me ensinar.

 

 

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Comentários  
# Orgulhoso dessa engenheiraClodoaldo Lazareti 21-03-2023 23:52
Yasmin foi minha aluna no 4° e 5° ano do curso de Engenharia de Produção no Instituto Mauá de Tecnologia. Comprometida, inteligente, participativa, enfim.....inúme ros atributos descrevem essa filha postiça que adotei quando me convidou para ser o orientador do TCC. Um baita desafio de estoques que, junto ao grupo, deram um show de seriedade e competência na proposta temática. Não esperava menos de você. Levo pra vida o aprendizado que você e seus colegas de grupo também me permitiram. Vôe....vôe mais e mais alto. Você é merecedora.
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# Avançar para o Futuro.GESIELY DIAS 14-03-2023 19:21
Apesar de em muitas áreas de atuação com exclusividade masculina, há possibilidades de elaboração de estratégia de desenvolvimento na engenharia que na visão de analistas e operadoras femininas podem perceber dentro de propostas como a dos 5S o destaque que falta pra completar a planilha de planejamento até ao final de todas as operações fabis de um processo na engenharia de produção. Essa é a garantia de um bom e executável serviço da era 4.0 que não acontece de forma isolada. Todos os processos do conhecimento estão interligados interdisciplina rmente para o progresso em todas as áreas. Como pedagoga, trabalhar com a educação 4.0 trás oportunidades infinitas e um leque de possibilidades na resolução de problemas do cotidiano educacional no Brasil. Excelente colocação da engenheira em se preocupar com o processo de produção alinhado ao processo do conhecimento formacional. Maravilha de entrevista.
DIAS, Gesiely O. Belém-PA UFPA.
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