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15/03/2023

Empoderar as mulheres para enfrentamento de desafios na engenharia e na sociedade

Soraya Misleh/Comunicação SEESP

 

Atividade realizada nesta quarta-feira (15/3) pelo Núcleo da Mulher Engenheira do SEESP, em sua sede, na Capital, apontou os desafios enfrentados pelas profissionais da categoria na área ainda predominantemente masculina, a necessidade de se fortalecerem rumo à realização de seus sonhos e os impactos de eventual privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na vida das mulheres. O evento foi apresentado pela diretora do sindicato Silvana Guarnieri, coordenadora do Núcleo da Mulher Engenheira.

 

Da esq. para a dir., Jaqueline de Paula Monteiro, Murilo Pinheiro, Silvana Guarnieri, Liane Dilda e Francisca Adalgisa da Silva. Foto: Rita Casaro 

A iniciativa, no mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher – 8 de março –, contou, além de palestra de três especialistas em suas áreas, com uma feira social feminina. Em seus estandes, desde a importância da prevenção e apoio contra o câncer de mama até produtos sustentáveis e desenvolvidos na ótica do empreendedorismo social por mulheres.

 

Feira social: empreendedorismo e empoderamento feminino. Foto: Soraya Misleh

 

Murilo Pinheiro, presidente do SEESP, fez uma saudação ao início: “Quanto mais mulheres, melhor o sindicato vai caminhar. Todos nós, homens, temos muito o que aprender, juntar forças com as mulheres. Vamos aumentar cada vez mais essa participação.”

 

Fortalecimento emocional

 

Psicóloga com experiência inclusive no atendimento a vítimas de violência doméstica, Jaqueline de Paula Monteiro discorreu sobre o tema “Fortalecidas para vencer desafios”. Nesse sentido, propôs que as e os participantes olhassem para si “enquanto indivíduos, no contexto de relacionamentos familiar e social”.

 

Psicóloga Jaqueline de Paula Monteiro. Foto: Rita Casaro  

Entre as reflexões que trouxe, a necessidade de autoconhecimento e autocuidado, bem como de valorizar o que de fato é importante, ter mais paciência e saber impor limites, de modo a assegurar uma vida com mais qualidade. “Precisamos aprender a conviver melhor, ter uma comunicação mais saudável e assertiva.”

 

Liderança na carreira

 

Já a engenheira Liane Dilda, consultora em sustentabilidade e mentora do programa “Nós por elas”, do Instituto Vasselo Goldoni (IVG), apresentou sua experiência de sucesso na carreira, os desafios na área ainda majoritariamente masculina e as recomendações para que as mulheres alcancem a liderança.

 

Ela inaugurou sua preleção apresentando brevemente a trajetória feminina na engenharia no País: em 1917 formou-se a primeira mulher na profissão, Edwiges Maria Becker Hom'meil, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro (atual Universidade Federal, a UFRJ), “mais de cem anos depois que se abriu a primeira escola de engenharia no Brasil”. Em 1945, como continuou Liane Dilda, a primeira mulher negra se graduou na área, Enedina Alves Marques. “Hoje somos mais de 211 mil engenheiras, mas ainda assim somente 20% no Brasil. Relatório do Fórum Econômico Mundial revela que vai levar 132 anos para as mulheres se igualarem aos homens no globo e 67 anos na América Latina.”

 

Engenheira Liane Dilda. Foto: Rita Casaro

 

O Brasil, também de acordo com sua fala, encontra-se em 94º lugar no ranking da desigualdade de gênero, tendo regredido dois pontos desde 2021. “A quantidade de mulheres em cargos de liderança aumentou, de 33% para 36%, mas ainda é muito baixa. Em Conselhos de Administração somos apenas 16% no País.” Ela vaticinou: “Temos muito o que trabalhar para cumprir o quinto dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS], relativo a igualdade de gênero, como estabelecido na Agenda 2030.”

 

Como uma mulher com uma carreira na liderança extremamente bem-sucedida, de reconhecimento nacional e internacional, Liane Dilda trouxe algumas recomendações às mulheres na engenharia em sua busca por equidade. Entre elas, buscar autodesenvolvimento e aprendizado por toda a vida, estar engajadas, respeitar-se e aos outros, “inovar, compartilhar, comprometer-se, inspirar e realizar sonhos”.

 

Ela concluiu: “Para ser líder, mais do que conhecimento e formação, é preciso gostar das pessoas e do planeta, porque suas decisões têm impacto. É uma forma de ser, sentir, pensar e agir no mundo.”

 

Privatização da Sabesp

 

Cientista social atuando na Sabesp há 34 anos, Francisca Adalgisa da Silva abriu sua fala lembrando que as mulheres são 51,8% da população brasileira – ou seja, 128 milhões – e 48% delas sustentam suas famílias. “Apesar de sermos maioria na sociedade e esteio, quando se faz o recorte social, vê-se a exclusão, e se forem mulheres negras é três vezes pior”, enfatizou.

 

Francisca Adalgisa revelou os dados no setor em que atua, os quais devem se agravar com a privatização da Sabesp pretendida pelo Governador do Estado: quarenta milhões de mulheres não têm acesso a condições de saneamento adequadas – 98% nas periferias – e 14 milhões não tem acesso a água potável, “as mais pobres e vulnerabilizadas”.

 

Como exemplo deletério pós-privatização, ela citou o que vem ocorrendo na Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), no Rio de Janeiro, em 2021, quando foi fatiada em três blocos para a desestatização: falta de água por dias em municípios, aumento de tarifas, exclusão. Também mencionou outros locais no Brasil, na América Latina e no mundo como um todo, cujos efeitos da privatização no setor se revelaram nefastos, com impacto sobretudo aos mais vulneráveis – justamente os que mais precisam da ação do poder público. Por essa razão, como destacou, mais de 390 cidades no mundo já reestatizaram o serviço de saneamento.

 

Cientista social Francisca Adalgisa da Silva. Foto: Rita Casaro 

Em contrapartida, também de acordo com sua explanação, a Sabesp garante a terceira tarifa mais barata do País e universalização de água, coleta e tratamento de esgoto em 309 dos mais de 370 municípios em que opera, contando com mecanismo do subsídio cruzado (em que locais que dão lucro garantem investimento naqueles deficitários).

 

Clique aqui e leia no JE 561: Sabesp pública e forte é essencial à saúde da população

 

“São indicadores de primeiríssimo mundo. Os prefeitos estão apavorados [com a possibilidade de privatização] Quem não tem acesso ao saneamento no País são pobres, moradores de favelas, periferias e cidades pequenas que dependem do subsídio cruzado. Quem vai querer assumir municípios não rentáveis?”, salientou.

 

A cientista social observou que nas enchentes ocorridas no litoral norte paulista, a empresa se mobilizou imediatamente, restabelecendo em poucos dias a água “até para quem não é cliente da Sabesp”. E questionou: “Alguma empresa privada faria isso?”

 

A eficiência da companhia foi ainda atestada por ela ao observar que esta destina em dividendos ao Governo do Estado de R$ 600 a R$ 700 milhões por ano.

 

E concluiu: “Essa é a relação do saneamento e a mulher. Com certeza em qualquer privatização as que terão mais dificuldades de acesso aos serviços serão as pardas, pobres, pretas, vulnerabilizadas pelo sistema.” Assim, convocou a toda a sociedade a impedir a desestatização da Sabesp.

 

Silvana Guarnieri, coordenadora do Núcleo da Mulher Engenheira do SEESP. Foto: Rita Casaro 

Ao encerramento, a coordenadora do Núcleo da Mulher Engenheira, Silvana Guarnieri, diretora do SEESP, foi categórica: “O País precisa de mulheres empoderadas que tenham capacidade de transformá-lo. Queremos ter nossa opinião, exercer a liderança, não queremos engolir sapo.”

 

Assista o evento “Mulher na Engenharia” na íntegra:

 

 

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