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Seis personalidades com histórico de vida relacionado à defesa das causas sociais e do movimento operário brasileiro serão homenageadas no Dia da Luta Operária (9 de julho) em 2023. São elas: o jornalista Sérgio Gomes, a militante Ana Dias, o metalúrgico José Ibrahim,  o professor João Felício, o também professor Oswaldo Barros e o bancário Dirceu Travesso.

Sérgio Gomes e Ana Dias receberão o Troféu José Martinez, criado para celebrar o Dia da Luta Operária. O troféu homenageia o sapateiro anarco-sindicalista José Martinez que, há 106 anos, no dia 9 de julho de 1917,  foi baleado e morto por soldados da antiga Força Pública na paralisação que tomou conta de várias empresas em São Paulo e que é considerada a primeira greve geral que do Brasil. José Ibrahim, João Felício, Oswaldo Barros e Dirceu Travesso (todos falecidos) receberão, através de seus familiares, placas em agradecimento pela dedicação à luta dos trabalhadores e ao fortalecimento do movimento sindical.

A iniciativa é das centrais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB , NCST, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, CSP-Conlutas, Pública e Intersindical Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora, em parceria com o mandato do deputado estadual Donato (PT). Participam da organização do evento o Centro de Memória Sindical, o Instituto Astrojildo Pereira e o IIEP – Intercâmbio Informações Estudos Pesquisas.

Neste ano o ato político pelo Dia da Luta Operária e a entrega das homenagens acontecerão no Galpão do Armazém do Campo do MST, no bairro da Barra Funda (SP). A organização decidiu pelo evento no local em solidariedade ao MST, alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara dos Deputados que tenta criminalizar os movimentos sociais.

O Dia da Luta Operária foi instituído pela lei municipal (nº 16.634/17) de autoria de Donato quando era vereador em São Paulo, em memória da paralisação de 1917.

Confira uma pequena biografia dos homenageados

Sérgio Gomes: Jornalista, é um dos fundadores, em 1978, da OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes, que contribuiu para que dezenas de entidades sindicais dispusessem de imprensa própria. Coordenou a equipe que produziu o livro “A Greve na Voz dos Trabalhadores” e lançou o movimento pela fundação do Centro de Memória Sindical, criado em 1980. É um dos responsáveis pela concepção e coordenação editorial dos livros “Ilustração Sindical de Laerte” (OBORÉ), “Quem foi Quem na Constituinte nas Questões de Interesse dos Trabalhadores” (DIAP, OBORÉ e CORTEZ) , “Guia dos Aflitos da Previdência” , “A Cabeça do Congresso“ e editor dos livros “ Morte Lenta no Trabalho” e “Loucura do Trabalho”. Foi consultor da Organização Panamericana de Saúde/Ministério da Saúde para planejamento estratégico e definição da política nacional de comunicação em saúde do trabalhador e ajudou a criar a Hemeroteca Sindical Brasileira que, atualmente, tem todo seu acervo sob a guarda do CEDEM – Centro de Documentação e Memória da UNESP.

Ana Dias: Através de um trabalho ligado a emancipação feminina na política, Ana Dias e outras companheiras organizaram-se reivindicando a diminuição do custo de vida na campanha popular conhecida como Movimento do Custo de Vida no final dos anos 1970, em São Paulo. Participou ativamente na criação de “Clubes de Mães”, lutas por melhoria das condições de vida nos bairros da periferia da capital paulista. Viúva do metalúrgico Santo Dias, assassinado pela ditadura militar em outubro de 1979, passou a realizar, com apoio de companheiras e companheiros, atos públicos pela preservação da memória de Santo, que era operário metalúrgico.

José Ibrahim (In Memoriam): Metalúrgico, trabalhou na Cobrasma, em Osasco, onde aos 18 anos fundou, clandestinamente, a comissão de fábrica, embrião da reorganização do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. Em julho de 1968 liderou, aos 21 anos, a histórica greve de sua categoria, uma das primeiras a enfrentar a ditadura militar. Com a repressão à greve, Ibrahim foi perseguido, viveu na clandestinidade. Foi preso e torturado no DOI-CODI e, em setembro de 1979, com o desfecho do sequestro do embaixador americano no Brasil, Charles Elbrick, foi um dos 15 presos políticos libertados. Permaneceu no exílio por dez anos. Com a anistia política em 1979 retornou ao Brasil e foi um dos articuladores da fundação do PT e da CUT. Em, 1991 participou da criação da Força Sindical e depois filiou-se à UGT, onde se tornou secretário de Formação Política. Faleceu em maio de 2013.

João Felício (In Memoriam): Professor de Desenho na rede estadual de ensino, iniciou a militância política e sindical nos anos 1970. Em 1981 foi eleito diretor da APEOESP e em 1987 tornou-se presidente da entidade, cargo que exerceu por três mandatos consecutivos. Participou da fundação da CUT, assumindo a presidência da central em 2000. Em 2014 foi eleito presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI). Foi o primeiro latino-americano a presidir essa importante central internacional. Felício participou também da fundação do PT e foi dirigente nacional do partido. Faleceu em março de 2020.

Oswaldo Augusto de Barros (In Memoriam): Professor, biólogo e advogado, foi eleito presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) em novembro de 2021. Como estava de licença médica, já tratando de uma doença crônica, encaminhou por escrito o discurso de posse. Foi presidente da CNTEEC (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação) e da FEPAEE (Federação Paulista dos Auxiliares de Administração Escolar), bem como diretor-tesoureiro do FST (Fórum Sindical dos Trabalhadores) e dirigente do diretor do Saaesp (Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de São Paulo). Faleceu em abril de 2023.

Dirceu Travesso (In Memoriam): Militante da causa bancária e da classe trabalhadora, foi dirigente sindical bancário nas décadas de 1980 e final de 1990. Foi um dos fundadores do PSTU, do qual fez parte da direção nacional. Também era membro da secretaria-executiva nacional da CSPConlutas, central sindical da qual foi um dos mentores. Atuava pela construção e fortalecimento da Rede Internacional de Solidariedade, que liga sindicatos de todo o mundo. Bancário da Nossa Caixa desde 1984, chegou a ser demitido pelo governo de José Serra em maio de 2008. O Sindicato ingressou com ação judicial que o reintegrou no posto. Também trabalhou como caixa no Banco do Brasil. Faleceu em setembro de 2014.

 *Portal Rádio Peão Brasil. Reprodução do texto e fotos publicados em 16/6/2023.