Jéssica Silva / Comunicação SEESP
Na quinta-feira (18/7), o SEESP recebeu o diretor de Engenharia e Planejamento da Companhia Metropolitana de São Paulo (Metrô-SP), Paulo Sérgio Amalfi Meca, para falar sobre as obras e projetos de expansão do metrô.
A atividade aberta ao público contou com a participação do presidente do sindicato, Murilo Pinheiro, e dos diretores Ubirajara Tannuri Felix, Nestor Soares Tupinambá, Emiliano Stanislau Affonso Neto e Ayres Rodrigues Gonçalves na mesa de abertura.
Meca, na companhia desde 1988, relembrou a fundação desta em 1968, quando “o sonho de ter na cidade um sistema de transporte de alta capacidade começava a se tornar realidade”. Seis anos depois era inaugurada a operação do primeiro trecho do modal, da estação Jabaquara à Vila Mariana.
“Em 56 anos de fundação, 50 de operação, é importante destacar a importância que a companhia tem para a cidade, para a região metropolitana e para o País. O metrô de São Paulo é reconhecido lá fora como exemplo de engenharia”, falou.
Contudo, admitiu que nos últimos anos a empresa reduziu drasticamente o quadro de profissionais, sobretudo na área técnica. Até 2019, a área contava com 850 colaboradores no total e, atualmente, são 470 sob o comando da diretoria que ele coordena desde 2015. “É quase metade da nossa força de trabalho; perdemos cabeças, corações e braços”, lamentou.
Nesse sentido, a forma de trabalho foi revista, tornando o melhor aproveitamento de recursos e a padronização de processos pontos de partida à introdução de inovações como modelagem em BIM, sistemas de geolocalização, entre outras. “O mercado privado está vindo aí com força, e a gente precisa estar atualizados para competir de igual para igual”, afirmou Meca.
Obras em andamento
A cidade de São Paulo tem seis linhas de metrô, com 104,4 quilômetros de extensão no total e 86 estações. Nos últimos dois anos, a companhia pública investiu, em média, R$ 2,0 bilhões em projetos e obras. Em 2024, dos R$ 4,5 bilhões previstos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), foi utilizado R$ 1,7 bilhões até maio último.
A expansão da linha 2-Verde foi um dos exemplos citados pelo palestrante de obra em andamento. Serão mais 8km de extensão ligando a estação Vila Prudente à Penha, na zona Leste da Capital. Essa primeira fase do projeto, já em implantação, tem quase 50% das obras civis concluídas, com previsão de entrega em 2028, e atenderá mais de 320 mil passageiros por dia.
Na segunda etapa, ainda em fase de licitação dos projetos executivos, a linha terá mais cinco paradas até a estação Dutra, em Guarulhos, e o trecho de Vila Madalena a Cerro Corá, integrando o modal à futura linha 20-Rosa.
Já o monotrilho da 15-Prata ganhará mais três estações, sendo uma de transferência para a linha 10-Turquesa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), no Ipiranga, zona Sul. Essa estação contará com painéis fotovoltaicos na cobertura, uma inovação que representará a geração de 30% de energia do local, segundo o palestrante.
Serão cinco quilômetros a mais no trajeto, com a chegada de 19 novos trens vindos da China até fevereiro de 2026.
A famigerada linha 17-Ouro, prometida para a Copa do Mundo de 2014, passou por diversas mudanças, mas está, de acordo com Meca, no momento mais favorável para finalmente ser concluída. “O último contrato que faltava era o de telecomunicações, que foi assinado recentemente. A gente precisa entregar essa obra”, disse o engenheiro.
A linha em questão, em seu primeiro trecho, liga o Morumbi ao Aeroporto de Congonhas, e faz transferências com as 9-Esmeralda da CPTM e 5-Lilás. “Todas as frentes de obra estão em execução. Usamos a experiência que tivemos com a linha 15, era o primeiro monotrilho que estávamos fazendo, tivemos muitos problemas que serviram de lição para a 17. Em 2026 teremos ela funcionando”, assegurou.
Projetos e inovações
Com projeto diretriz elaborado pelo Metrô concluído e aguardando início das licitações, está a proposta da linha 16-Violeta, que promete ser uma das maiores em extensão já construídas na Capital. Serão mais de 32 quilômetros percorrendo de Cidade Tiradentes à estação Oscar Freire, com 23 estações – cinco de transferências –, atendendo a uma demanda diária de 826 mil passageiros.
Já o projeto da 19-Celeste visa conectar o centro de São Paulo ao centro de Guarulhos, do Anhangabaú ao Bosque Maia, com total de 17,6 km, transportando 676,9 mil usuários por dia. O empreendimento já possui projeto básico concluído e licenças ambientais emitidas. “A bala está na agulha para disparar”, brincou Meca e defendeu: “toda linha ajuda no equilíbrio da rede”.
O palestrante apresentou ainda os projetos da linha 20-Rosa, também uma das maiores em extensão: 31km, da região de Água Branca a Santo André, no grande ABC, com 24 estações e integração com outras nove linhas; e da 22-Marrom, de Sumaré a Cotia.
Meca destacou ainda as inovações utilizadas pelo Metrô na metodologia construtiva, como a escavadora TBM4, tecnologia que agrega, entre os benefícios, redução de prazos e riscos e melhor aproveitamento do espaço nas plataformas. Segundo o engenheiro, também se estuda a utilização de elevadores de alta capacidade em algumas estações ao invés de escadas rolantes, o que reduz, sobretudo, o consumo energético.
“Com todos os novos projetos chegaremos a 12 linhas de metrô, abrangendo quase 279 quilômetros, 213 estações. É o sonho de todos nós. Se os governos tiverem vontade e recursos, nós temos projetos”, afirmou Meca.
Durante o debate, o diretor do SEESP Nestor Tupinambá frisou a importância do acervo tecnológico desenvolvido ao longo dos 50 anos de operação da companhia, em que ele mesmo atuou por 44 anos, e da conservação deste, para que não seja perdido com a saída dos profissionais.
Sobre a continuidade das obras, Affonso Neto frisou: “temos que incluir a sociedade civil, mobilizar para cobrar os governantes e deputados, para que efetivamente tudo saia do papel”.
Ao final da atividade, o dirigente Ubirajara Tannuri Felix reforçou a atuação do SEESP na representação dos engenheiros do Metrô e a disposição da entidade em contribuir nos projetos. “Continuem contando com a gente”, afirmou.
Veja a apresentação de Paulo Sérgio Amalfi Meca aqui
Ricardo Mello / Brasil Engenharia