Soraya Misleh / Comunicação SEESP
No Brasil há apenas 632 engenheiros biomédicos registrados no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), sendo 313 mulheres e 319 homens. Um desses profissionais é Mauricio Barbosa Rodrigues.
Engenheiro eletricista graduado em 2018 pela Estácio com especialização na área, ele entrou no ramo hospitalar ainda como técnico, no ano de 1991, cuja formação em Eletrotécnica obteve dois anos antes pela Escola Técnica Estadual Aristóteles Ferreira Santos. A partir de então, construiu sua carreira nesse segmento.
Com experiência de mais de 30 anos e hoje trabalhando na Comprehense do Brasil, é responsável pela gestão de equipamentos biomédicos de três hospitais municipais da cidade de São Paulo.
Conforme o Guia das Engenharias elaborado pela área de Oportunidades na Engenharia do SEESP, o profissional da área atua no “desenvolvimento, produção, manutenção e gestão de equipamentos, produtos e processos tecnológicos para fins de diagnóstico, terapia, reabilitação e pesquisa em saúde”.
Em sua atividade, segundo a publicação, “desenvolve, especifica, instala, mantém e gerencia processos, dispositivos, equipamentos e sistemas nas áreas de informática em saúde, engenharia clínica e hospitalar, instrumentação biomédica, tecidos artificiais e biomateriais. Projeta, implementa e executa ensaios em órteses e próteses, dispositivos e nanoestruturas implantáveis. Realiza ensaios de metrologia e de compatibilidade eletromagnética. Coordena e supervisiona equipes de trabalho; realiza pesquisa científica e tecnológica e estudos de viabilidade técnico-econômica; executa e fiscaliza obras e serviços técnicos; efetua vistorias, perícias e avaliações, emitindo laudos e pareceres. Desenvolve tecnologias para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo e da comunidade, primando pelos princípios éticos”.
Nesta entrevista, entre outros pontos, Rodrigues resume sua trajetória, garante que o mercado de trabalho é promissor e aborda as inovações tecnológicas que têm agilizado e aperfeiçoado o atendimento à saúde, salvando mais vidas.
O que o levou a escolher a profissão de engenheiro biomédico? Por favor, conte sobre sua trajetória profissional até os dias atuais.
Pelas oportunidades e pelo tempo que tive em contato com equipamentos médicos, e por gostar desta área. Entrei para o ramo hospitalar em 1991, na Santa Casa de Misericórdia de Santos, para exercer o cargo de técnico em eletrotécnica. Permaneci por três anos e meio, fazendo manutenções em equipamentos médicos, aparelhos de pressão e de fisioterapia, monitor cardíaco, desfibrilador, entre outros. Em 1996 entrei para o Senesp – Serviço de Nefrologia de São Paulo, onde fazia manutenções nos equipamentos de hemodiálise. Dois anos depois fui trabalhar na Medserv, empresa prestadora de serviço de hemodiálise na Santa Casa de Santo Amaro de São Paulo [exercendo a mesma função]. Em 2005 montei com dois sócios a empresa DMW, onde por cinco anos fiz planejamento, executando manutenção corretiva e preventiva em equipamentos de hemodiálise. Desfiz a sociedade e montei minha própria empresa, a Mantech – Manutenção Técnica Hospitalar, no ano de 2010, também com foco em equipamentos de hemodiálise. Já em 2022 entrei no CID – Centro Intervenção em Diálise, onde realizava todo gerenciamento dos equipamentos de hemodiálise das clínicas da Nipro (fabricante de equipamentos médicos), nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Neste ano ingressei na Comprehense do Brasil, empresa de Engenharia Clínica, onde faço toda a parte de gestão de equipamentos biomédicos de três hospitais municipais da cidade de São Paulo: Hospital Saboya (HMARS), Hospital Campo Limpo (HMFMPR) e Hospital Benedito Montenegro (HMBM).
Quais as áreas de atuação para o engenheiro biomédico?
O engenheiro biomédico pode atuar na área hospitalar, em clínicas, tanto na manutenção como na gestão, em empresa de pesquisa para desenvolver equipamentos médicos.
Como está o mercado de trabalho para o profissional hoje e quais as perspectivas?
O mercado está em grande expansão, possibilitando boas oportunidades de emprego. As perspectivas para o futuro são grandes, o mercado vai precisar de profissionais qualificados nos próximos anos.
Quais os impactos do seu trabalho para a sociedade e nos estabelecimentos de saúde?
O impacto para a sociedade é muito positivo, pois oferecemos equipamentos confiáveis e com tecnologia atualizada para serem mais rápidos nos diagnósticos e, consequentemente, oferecer um tratamento mais adequado e eficiente. Para os estabelecimentos de saúde pública ou particular, oferecemos serviços de qualidade tanto na manutenção como na gestão, mostrando o que tem de melhor no mercado, para cada um fazer as suas escolhas e suprir as suas necessidades.
Quais as inovações na Engenharia Biomédica nos últimos dez anos?
As inovações são muito grandes nas tecnologias, principalmente na área de informática na saúde, na interação homem/máquina, automação e na área da robótica, possibilitando cirurgias mais precisas e recuperação mais rápida dos pacientes.
Quais as dicas de aprimoramento profissional (por exemplo, cursos, certificações, livros etc.)?
Sempre realizar qualificações nas áreas de atuação (manutenção ou gestão).
Qual o projeto de maior destaque na área que participou?
Está sendo o atual emprego, em que a Comprehense do Brasil está me dando a oportunidade em fazer parte da equipe que está fazendo a implantação da Engenharia Clínica nos 12 hospitais municipais da cidade de São Paulo. Sou responsável pela gestão dos equipamentos médicos de três deles: HMARS (Hospital Saboya), HMBM (Hospital Benedito Montenegro) e HMFMPR (Hospital Campo Limpo).
Quais as dicas para jovens que estão pensando em seguir a profissão?
Comecem fazendo um curso técnico em equipamentos biomédicos, para terem os primeiros contatos com equipamentos médicos, para decidirem se é isso que querem para sua vida profissional. E depois façam um curso superior na área. Uma dica é olhar para a Engenharia Biomédica voltada para a Medicina Veterinária, um mercado promissor.