“Em 2009, os 10% mais pobres gastaram 32% de sua renda em tributos diretos e indiretos, enquanto os 10% mais ricos gastaram 21%”, apontou José Aparecido Ribeiro, coordenador de Finanças Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no lançamento do livro “Progressividade da Tributação e Desoneração da Folha de Pagamentos - elementos para reflexão”, no dia 4 último, em Brasília. A publicação é fruto da parceria entre o Ipea, o Sindifisco Nacional e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos).
Ribeiro mostrou que a tributação no Brasil ocorre de modo muito intenso sobre o consumo, mal sobre a renda e quase nada sobre o patrimônio. Clóvis Roberto Scherer, coordenador do Dieese, e Álvaro Luchiezi Júnior, gerente de Estudos Técnicos do Sindfisco Nacional, também participaram do lançamento da obra.
Luchiezi chamou atenção para a enorme disparidade distributiva do Brasil, sexta economia mundial e 11º país com pior distribuição de renda. Segundo ele, a desoneração da folha de salários exerceria pouca influência sobre a dinâmica do mercado de trabalho e sobre a competitividade dos produtos brasileiros. Acrescentou, entretanto, que causaria efeito significativo sobre os custos totais das empresas, viabilizando, no curto prazo, o crescimento da lucratividade.
O gerente do Sindfisco alertou que a redução da parcela da contribuição patronal à Previdência Social, com sua transferência para outra base de contribuição dissociada do trabalho, coloca em cheque a noção de que é o trabalho o próprio gerador dos benefícios a que o trabalhador tem direito durante sua vida produtiva e na inatividade laboral.
Imprensa – SEESP
* Informações do Ipea