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Mobilidade, bem-estar e desenvolvimento
É urgente planejar e executar projetos racionais e factíveis voltados ao transporte público para resolver um dos grandes gargalos da vida nas cidades brasileiras. Improvisos que miram apenas oportunidades de negócios não serão a solução.
Um dos grandes desafios da gestão pública é, sem dúvida alguma, a mobilidade urbana, o que precisa ser assegurado com projetos e investimento em transporte integrado e eficiente, mas também com planejamento urbano.
Ressalte-se que a crise climática tornou ainda mais urgente transformar o cenário das grandes cidades, hoje tomadas por congestionamentos gigantescos e altos índices de emissão de poluentes.
Na capital paulista, maior município do País e onde todos os problemas são superlativos, a questão vem se tornando dramática. No início deste ano, com as chuvas torrenciais e a volta às aulas, os paulistanos chegaram a enfrentar engarrafamentos de mais de 1.000 km.
Além disso, com milhões de trabalhadores precisando cruzar a cidade duas vezes por dia para ir e voltar do trabalho, o transporte público sobre pneus ou trilhos continua insuficiente. Piorando a situação, as linhas privatizadas da Companhia Paulista de Transporte Metropolitano (CPTM) e do Metrô de São Paulo registram falhas, de maior ou menor gravidade, com enorme frequência, gerando atrasos, lotações e mais sofrimento à população. A situação acende o alerta para as ameaças de entrega completa ao mercado da operação dessas empresas.
Deixa a desejar ainda o transporte intermunicipal, o qual tem papel fundamental, na Região Metropolitana de São Paulo, já que muitos residentes das cidades vizinhas se dirigem à Capital para diversas atividades, sobretudo profissionais.
Ou seja, o quadro exige medidas de curto, médio e longo prazo que precisam fazer parte do planejamento das administrações, independentemente da sucessão na chefia do Executivo a cada eleição.
O que certamente não se aconselha é submeter esse setor vital ao bem-estar coletivo, ao desenvolvimento e ao meio ambiente a interesses menores, que miram simples oportunidades de negócios. Parece ser esse o caso da proposta de implementar serviços de mototáxi por aplicativo nas cidades.
Objeto de disputa entre uma empresa do setor e a Administração Municipal de São Paulo, o tema vem sendo acompanhado pelo SEESP e pelo Instituto de Engenharia (IE), cujos técnicos já apontaram o equívoco de se fazer essa opção. Em recente manifestação elaborada pelo Conselho Assessor de Transporte e Mobilidade Urbana do sindicato, complementado pelo IE, foram desmontados todos os argumentos em favor dessa modalidade, ineficaz, desconfortável e perigosa.
É mais que tempo de os governantes eleitos atuarem efetivamente para cumprir a sua obrigação de oferecer mobilidade aos cidadãos, sem repassar a tarefa a terceiros sem compromisso com o interesse público. Os técnicos do setor estão à disposição para colaborar com as melhores soluções. O projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que trata do tema desde a sua primeira edição, tem inúmeras propostas e pode ser uma contribuição valiosa.
Eng. Murilo Pinheiro – Presidente