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10/05/2012

Logística ruim impede o crescimento do Brasil

* por Milton Lourenço                  

Neste início de século XXI em que surge como a sexta maior economia do planeta, o Brasil tem um sério obstáculo a sua frente: a sua malfadada infraestrutura logística. Seu futuro depende basicamente de como desatará o nó que impede o seu crescimento, que pode vir a se revelar apenas um nó górdio. Como se sabe, a expressão refere-se a um rei de nome Górdio, na Frígia, que deixara sua carroça atada a uma coluna no templo de Zeus, até que Alexandre, o Grande, em 334 a.C., com uma espada bem afiada, rompeu o nó que a prendia, tornando-se senhor da Ásia Menor em pouco tempo.

Seja como for, qualquer que venha a ser a opção, o caminho passa pela iniciativa privada. Em outras palavras: para enfrentar as dores de seu crescimento, o País precisa adotar uma agenda eminentemente técnica. Se continuar a insistir numa agenda política, não irá a lugar nenhum porque o governo tem se mostrado um mau gestor.

Um bom exemplo dessa ineficiência é o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), que, lançado em 2007, previa transformar até 2023 a matriz de transporte, dando ênfase às ferrovias. Como carta de intenções, o PNLT apresenta pressupostos corretos e pontos extremamente interessantes. Segundo o PNLT, a expectativa é que até 2023 a participação do modal ferroviário cresça de 25% para 32%, o aquaviário se eleve de 13% para 29%, o dutoviário vá de 3,6% a 5% e o aéreo de 0,4% para 1%. Se atingidas essas metas, a participação do modal rodoviário, principalmente no transporte de cargas, cairia de 58% para 33%.

Mas, passados cinco anos, o que se vê é que o PNLT foi praticamente abandonado, a pretexto de se dar maior visibilidade ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que, no fundo, não passa de uma jogada de marketing, pois constitui apenas um roteiro de obras como o que todo governo se propõe a executar.

Como algumas das integrações apontadas como fundamentais pelo PNLT não saíram do papel, a preconizada mudança da matriz de transporte não parece destinada a acontecer no prazo previsto, tal o atraso de certas obras. Sem contar que o Ministério dos Transportes continua a investir a maior parte de seus recursos em rodovias. E, mesmo assim, a malha rodoviária continua deficiente e mal cuidada.

Basta ver que o Brasil está com uma malha rodoviária muito aquém de suas necessidades e extremamente incipiente, se comparada com as de países igualmente continentais: dispõe de apenas 1,7 milhão de quilômetros de rodovias pavimentadas (13% do total), contra 6,5 milhões de quilômetros de rodovias pavimentadas nos EUA (67% do total) e 3,7 milhões de rodovias pavimentadas na China (54% do total).

Segundo dados do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), do Rio de Janeiro, o Brasil, se intenta alcançar uma malha rodoviária semelhante à dos EUA, teria de investir em 25 anos cerca de R$ 800 bilhões. Mas, dentro do ritmo atual de investimentos, essa é uma meta praticamente inatingível. Segundo o PNLT, seria recomendável que o País, de 2007 a 2023, investisse em rodovias R$ 74,1 bilhões.

Para piorar, o atual quadro político-partidário do País contribui sobremaneira para que esse objetivo nunca seja alcançado, pois não há continuidade nas políticas públicas. De quatro em quatro anos, mudam-se os nomes daqueles que decidem as prioridades das obras e dos planos, ao sabor das conveniências políticas do manda-chuva de plantão. Afinal, esses nomes nunca são os de funcionários de carreira, com anos de experiência, mas de neófitos sem competência profissional.

A rigor, o que o País precisa não é de um Ministério dos Transportes, que hoje não passa de um ministério de rodovias, mas de um Ministério de Logística, que pense a longo prazo e execute soluções integradas. Com a participação da iniciativa privada, esse Ministério poderia estimular o crescimento de outros modais. Afinal, como mostram exemplos bem-sucedidos em outros países, o uso do caminhão só é viável em distâncias em que o veículo é economicamente rentável. Investir nesse modelo para longas distâncias é continuar sem desatar o nó que impede o desenvolvimento do País.

(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)


Imprensa - SEESP


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