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24/07/2012

Radiação impede que mosquito da dengue se prolifere

Pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, e da empresa Bioagri desenvolveram uma técnica de irradiação para tornar estéril o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, criando uma nova frente de combate da doença. A pesquisa interfere no ciclo reprodutivo do inseto, por meio de um processo radioativo, sem fazer uso de produtos químicos e sem gerar qualquer tipo de impacto ambiental.

Por meio de uma baixa dose de radiação gama, o Laboratório de Radiobiologia e Ambiente do Cena conseguiu tornar infecundo o mosquito, que até põe os ovos, mas esses não eclodem as larvas. “Usamos uma quantidade de energia que não mata o inseto, mas provoca mudanças em seu sistema biológico”, explica o professor Valter Arthur, coordenador da pesquisa.

O ciclo de criação passa por ovo, larva, pupa e adulto em, aproximadamente, 14 dias, mas o processo se dá na fase de pupas, que são irradiadas em uma fonte de Cobalto-60, fazendo com que os machos se transformem em insetos estéreis. “Eles até copulam, mas não fertilizam as fêmeas, que são as transmissoras do vírus da dengue, ou seja, o ciclo continua completo. Mas, como os ovos não geram nada, conseguiremos baixar significativamente a infestação do mosquito e, consequentemente, o da doença”, destaca Arthur.

Irradiados
Os mosquitos vêm sendo criados na unidade da Bioagri, instalada em Charqueada, interior de São Paulo, de onde seguem para o laboratório do Cena, local onde são irradiados, num processo em que o instituto especializado da USP detém a tecnologia há 30 anos. “Iniciamos a pesquisa há pouco mais de três meses e ainda estamos determinando a dose esterilizante”, diz Márcio Adriani Gava, diretor técnico da Bioagri.

“Posteriormente, iniciaremos os testes de campo, como dispersão, liberação e compatibilidade do Aedes aegypti estéril com a linhagem selvagem”, completou. O professor do Cena define essa pesquisa como uma forma simples de controle biológico ecológica, onde se utilizará o próprio inseto para combatê-lo, sem o uso indiscriminado de inseticidas.

“O objetivo da pesquisa é o de reduzir a transmissão da dengue, por meio da liberação no ambiente de mosquitos machos estéreis em grande quantidade, que competirão com os nativos”, conta Arthur.  ”Uma vez copuladas, as fêmeas vão gerar os ovos inférteis, que não eclodirão as larvas, e consequentemente ocorrerá uma diminuição da população de transmissores da dengue.”

Um dos principais problemas de saúde pública no mundo, a dengue mata cerca de 20 mil pessoas por ano e seu tratamento se restringe apenas a combater os sintomas da doença. A técnica testada pelo Cena e pela Bioagri será apresentada durante o Congresso Brasileiro de Entomologia, que acontecerá em Curitiba (Paraná), entre os dias 16 e 20 de setembro.

 

Imprensa – SEESP
* Informação da Agência USP de Notícias



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