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29/08/2012

Pesquisador da Fiocruz afirma que todas as formas de amianto causam câncer

O STF (Supremo Tribunal Federal) discute, desde o dia 24 último, em audiência pública, a utilização ou não do amianto na indústria brasileira. A segunda audiência ocorre nesta sexta-feira (31/08). Os eventos, de acordo com o ministro-relator Marco Aurélio, vão debater o tema com cientistas, representantes da indústria, do governo e de entidades ligadas aos trabalhadores expostos ao mineral fibroso. Segundo o ministro, os esclarecimentos esperados “são da maior valia para se decidir o que é melhor para a sociedade brasileira”.

* Efeitos nocivos do amianto atingem não só trabalhadores, mas toda a população, diz gerente da Cetesb
* Representante do Ministério de Minas e Energia aponta interesses econômicos pelo banimento do amianto
* Analista do Ministério do Desenvolvimento defende uso controlado do amianto
* Especialista em medicina do trabalho afirma que não há uso seguro do amianto
* Para engenheira química de higiene ocupacional, a utilização segura do amianto é possível
* Para doutor em pneumologia, amianto deve ser banido porque é um cancerígeno conhecido

O pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Hermano Albuquerque de Castro, que falou em nome da Associação Brasileira de Expostos ao Amianto, apresentou os resultados que a fundação vem obtendo nos últimos 20 anos sobre o mineral e afirmou não haver mais dúvidas de que todas as formas de amianto, inclusive o crisotila, causam câncer.

Para ele, os males causados pela substância não estão restritos à saúde dos trabalhadores que o manipulam. “O amianto não é um problema ocupacional estrito. Quando ele vai para o consumo, passando pelo transporte e pelo comércio, ele ultrapassa o muro da fábrica e ganha a sociedade”, alertou. O pesquisador citou documento da OMS (Organização Mundial de Saúde) segundo o qual não há limite de tolerância para exposição ao amianto.

Castro exaltou a realização da audiência pelo STF, mas lamentou que a população brasileira seja pouco informada sobre os males do amianto. Ele citou que há colas de uso doméstico que contêm amianto e, não obstante, são vendidas e manuseadas sem qualquer cuidado pela população. Em contraponto, ele mostrou uma embalagem de moela de frango exportada pelo Brasil para países da Europa com o selo indicativo “livre de asbesto”.

“Pode parecer uma incoerência, mas é uma exigência internacional para quem exporta frango. Isso significa que, para poder exportar, o produtor brasileiro precisa retirar a cobertura de telhas de amianto das granjas para que haja a garantia de uma tecnologia limpa em toda a cadeia de produção”, salientou.

O pesquisador demonstrou casos de contaminação da população decorrentes da falta de responsabilidade de indústrias do setor e também da omissão dos Estados. Entre eles, o ocorrido em Bom Jesus da Serra (BA), onde a comunidade não tinha a mínima percepção do risco oriundo de uma mina abandonada em 1967. “Desavisadamente, a população manuseou toda a pedra britada, minerada e composta de amianto e passou a pavimentar ruas e a construir casas”, lamentou.

O pesquisador mostrou pesquisas que comprovam o incremento de mesotelioma (tipo raro de câncer) no entorno de fábricas. Ele lembrou que o período de latência da doença é de até 40 anos. “Isso significa que os trabalhadores que ficaram expostos na década 80, e que teriam entre 20 e 30 anos, vão ter mesotelioma 40 anos depois, ou seja, em 2020. Por isso, se o Brasil banir hoje o amianto, ainda teremos uma curva ascendente de mesotelioma pelos próximos 40 anos”, alertou.


Imprensa – SEESP
Com informação da Assessoria de Imprensa do STF



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