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15/10/2012

América Latina mantém vocação para economia primária

A inovação na indústria é algo desejável por governos, empresas e a sociedade em geral, mas os países da América Latina (AL) têm desempenho lastimável nessa área se comparados às economias mais industrializadas do mundo. As exportações de produtos manufaturados da Europa e Estados Unidos em 2011, por exemplo, foram de 80% e 76% de suas vendas totais. Na América do Sul, esse índice foi de 24%, pouca coisa melhor do que a média da África, com 19%.

A maior parte das exportações dos países do continente é de commodities, como, por exemplo, açúcar, soja e carne, o que indica que a indústria desses países ainda não está inserida na dinâmica global da economia. E, se não há trocas comerciais, fica difícil também desenvolver tecnologia e investir em pesquisa.

"O problema de depender das commodities é que sempre pode surgir um país que vende mais barato", afirma Paulo Roberto Feldmann, professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP). As barreiras para o desenvolvimento da indústria manufatureira e, consequentemente, da inovação nos países da AL, foram analisadas por Feldmann em palestra realizada no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).

Tecnologia e economia
O professor defende que a tecnologia direciona a economia, e não o contrário. "Ninguém explica como a tecnologia afeta a economia. Há modelos matemáticos para tudo – consumidor, empresas –, mas para a tecnologia não existe isso", disse. Ele destacou, ainda, a baixa produtividade na indústria como denominador comum entre os países do continente e relacionou fatores que reduzem a produtividade:

- Custos de transporte e energia, por conta dos gargalos de infraestrutura;

- Falta de crédito para a pequena empresa - enquanto, por exemplo, na Alemanha essas empresas concentram 50% do PIB, no Brasil a concentração das pequenas é de apenas 20%;

- Carga tributária elevada mais burocracia;

- Baixo nível de capacidade da mão de obra; e

- Falta de uma política industrial clara.

Indicadores da inovação
Por conta da produtividade baixa, os indicadores de inovação também refletem a desvantagem dos países latino-americanos. Enquanto Estados Unidos e Japão registraram, respectivamente, 45,7 mil e 29,8 mil patentes no ano, o Brasil contabilizou apenas 480 patentes.

Da mesma forma, também faltam profissionais de tecnologia: o Brasil tem apenas 22 engenheiros para cada 10 mil habitantes, número que nos Estados Unidos é de 73 engenheiros para cada 10 mil habitantes.

 

Imprensa – SEESP
Informação do site Inovação Tecnológica



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