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11/09/2013

Meio ambiente - Mobilidade e poluição

O jornalista Washington Novaes, especializado em meio ambiente, citou a frase do primeiro ministro francês Jacques Chirac segundo a qual "as gerações futuras irão cobrar responsabilidades de quem sabia e nada fez”, quando criticou a falta de políticas para planejamento urbano nas grandes cidades brasileiras e melhores condições de mobilidade.

Novaes, colunista do jornal "O Estado de S. Paulo” e autor da série "Xingu, terra ameaçada”, fez revelações preocupantes para executivos, engenheiros e técnicos do setor metroferroviário presentes na 19ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, que começou na terça-feira (10/09), em São Paulo.

Ele contou que conheceu São Paulo em 1942, com oito anos, vindo do interior, a cidade tinha um milhão de habitantes e o transporte era feito por ônibus e bondes e quase não havia carros "só os muito ricos tinham automóvel”. Passados cinco anos, a cidade já havia mudado. Por conta das dificuldades de importação por causa da guerra, incentivaram-se as indústrias e nessa época foi cunhada a frase "São Paulo não pode parar”. E a população chegava aos dois milhões de habitantes.

Novaes conta que viajava para o interior e litoral de trem, mas no final da década de 1950 começaram os incentivos ao automóvel pelo presidente Juscelino Kubitscheck e o consequente sucateamento das ferrovias. Na década de 1960, a cidade já passava dos 4 milhões de habitantes.

Ao contrário da cidade arborizada e tranquila de sua infância, São Paulo se transformou numa metrópole de crescimento desordenado, com precariedade nas regras de ocupação dos espaços, na verticalização, na energia e resíduos. Hoje tem 11 milhões de habitantes, que chegam a 20 milhões se contarem os das cidades vizinhas e mais de um milhão que todos os dias frequentam a cidade.

Com uma frota de 17 milhões de veículos, a velocidade média não passa dos 14 quilômetros por hora e cada habitante recebe por ano 1,4 tonelada de poluentes. A perda média de tempo no trânsito chega a 12,5% da jornada de trabalho, que representam um pedágio virtual de R$20,00 ou R$ 62 milhões por ano segundo estudo de André Montoro Filho. O custo da implantação e manutenção do quilômetro de metrô é de R$ 13,5 milhões.

A poluição ambiental é responsável também por mortes e internações hospitalares e custos anuais de R$100 milhões. Se todos os veículos passassem por rigorosa inspeção, seriam evitadas 319 mortes por ano, exemplificou. Segundo dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), os veículos emitem 50 mg de material particulado na atmosfera, enquanto a ONU recomenda 20.

Novaes citou estudo da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) sobre os investimentos em infraestrutura para os veículos. Mais de 50% do espaço urbano é oferecido aos automóveis e ficam 80% ociosos. Nada menos do que 60% do transporte de cargas é feito sobre pneus e 90% dos passageiros.

Novaes mostrou preocupação com erros estratégicos ao citar as reduções de impostos para estimular a venda de automóveis, cujos recursos poderiam financiar a construção de metrôs e trens e melhorar os sistemas de transporte público de passageiros.

Sobre a Semana Metroferroviária – Na sua 19ª edição, a Semana de Tecnologia Metroferroviária é considerada o mais importante Congresso Técnico do setor de transporte metroferroviário do País. Durante os quatro dias deste evento, técnicos das operadoras, dirigentes empresariais e profissionais do setor debaterão questões importantes relacionadas à mobilidade urbana nas grandes cidades. "Durante os quatro dias serão apresentados 44 trabalhos técnicos e 12 painéis de debates que abordarão temas da atualidade (Monotrilho, Veículos Leves sobre Trilhos, Trens Regionais, Modalidades de contratação, A importância do planejamento em projetos, Capacitação profissional no País, Mobilidade, entre outros)”, diz Jayme Domingo Filho, vice-presidente da Aeamesp e coordenador técnico do encontro.

 

Imprensa – SEESP
Informação da Assessoria da Aeamesp
Foto da home do site da Envolverde 




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