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19/02/2014

Brasil e Argentina: respostas das centrais sindicais aos desempregados

Os índices de desemprego no Brasil e na Argentina alcançaram patamares elevados no final dos anos 1990 e início da década de 2000, superando aqui os 12% e chegando lá a mais de 20%, em 2002. Na época, no entanto, a reação a esse quadro social foi bem diferente nas duas nações, de acordo com um estudo publicado em livro.

Enquanto os desempregados argentinos se organizaram em escala nacional, realizando piquetes que paralisaram estradas, pontes e avenidas e tornando-se um dos principais protagonistas da onda de protestos que sacudiu o país, os desempregados brasileiros responderam à situação de forma menos enfática, aponta o livro Sindicalismo e desempregados: um estudo comparativo das centrais sindicais do Brasil e Argentina (1990-2002), de Davisson Cangussu de Souza, publicado recentemente com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

Segundo Souza, também foi bastante diferenciado o comportamento das principais centrais sindicais dos dois países: a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, no Brasil, e a Confederación General del Trabajo de la República Argentina (CGT) e a Central de Trabajadores de la Argentina (CTA), na Argentina, todas objetos de sua pesquisa.

Professor do curso de graduação e do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no campus de Guarulhos, Souza realizou o estudo que resultou no livro durante seu doutorado, orientado por Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, atualmente professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP).

“A tese foi uma continuidade do estudo que havia feito no mestrado, quando analisei a ação de um sindicato específico, o dos metalúrgicos de Campinas e região, diante das demissões em massa”, disse Souza.

“Percebi, no primeiro estudo, que o desempregado é um sujeito político diferente do demitido, sob o ponto de vista da ação sindical. O demitido guarda um vínculo com a categoria profissional de origem e sua situação suscita a resposta do sindicato dessa categoria. Já o desempregado fica, por assim dizer, desvinculado”, afirmou.

Segundo Souza, a situação de “desemprego” pode designar alguém que tenha sido demitido há algum tempo, que já tenha transitado por várias categorias ou até mesmo alguém que nunca tenha trabalhado, como é o caso de jovens aspirantes ao mercado de trabalho.

“No doutorado, resolvi me aprofundar no estudo dos desempregados. E me dei conta de que, pelo fato de o desempregado não estar vinculado a nenhuma categoria, eu não poderia enfocar um sindicato específico, mas deveria estudar a ação de uma entidade que pudesse organizar a luta do conjunto dos trabalhadores. Quem cumpre esse papel são as centrais sindicais”, explicou.

A comparação com a Argentina tornou-se uma escolha bastante evidente diante do vulto assumido pelas manifestações dos desempregados naquele país no começo dos anos 2000. “Como não podiam fazer greve, porque já não estavam inseridos na atividade produtiva, os desempregados faziam piquetes, não nas portas das fábricas, mas nas rodovias, avenidas, pontes, dificultando a circulação das mercadorias”, informou Souza.

O pesquisador buscou comparar, então, a reação das centrais sindicais diante dos desempregados, estudando as duas principais centrais sindicais de cada país, “que tinham políticas muito diferentes em relação a esse segmento”.


Fonte: Agência Fapesp








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