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15/05/2014

MTST faz balanço positivo de mobilização e desmente mídia

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que promove desde o início da manhã desta quinta-feira (15/5) uma série de mobilizações, em São Paulo e outras capitais, em defesa da moradia e contra os gastos públicos da Copa 2014, desmentiu alguns veículos de imprensa que divulgaram que o movimento teria dado um “ultimato” ao governo federal. Em coletiva de imprensa no SEESP, por volta das 14h30 de hoje, representantes da organização social fizeram um balanço positivo sobre a mobilização, que ainda terá uma marcha com concentração a partir das 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.


Foto: Beatriz Arruda/SEESP 
coletiva mtst
Coletiva MTST: da esquerda para a direita, Jussara Basso, Gulherme Boulos e Josué Rocha


“Foi publicado que o MTST teria dado um ultimato a presidente da república e isso não procede. Não nos colocamos na condição de dar ultimato a quem quer que seja, ainda menos para a presidente da República. Colocamos que esperamos que essas pautas sejam atendidas. O movimento está nas ruas para isso e o governo já tem conhecimento. Enquanto não forem atendidas, vamos continuar nas ruas, o que é natural” explicou Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST.

Na semana passada, quando a presidente Dilma Rousseff visitou o estádio do Itaquerão, ela se encontrou com representantes do movimento, que naquele dia fez o lançamento da campanha “Copa sem povo; tô na rua de novo” com a ocupação de três empreiteiras na capital paulista – as que mais lucraram com as obras da Copa, de acordo com eles. Na ocasião, foram apresentadas as reivindicações tanto para a presidente, quanto para o prefeito Fernando Haddad, também presente.

Na pauta, consta o controle público do reajuste de aluguéis urbanos estabelecendo índice inflacionário como teto, para combater a especulação imobiliária que afeta os trabalhadores mais pobres; política federal de prevenção de despejos forçados, com a formação de uma Comissão de Acompanhamento, ligada à Secretaria Especial de Direitos Humanos; mudanças no Programa Minha Casa Minha Vida, fortalecendo a modalidade Entidades e com regras que estimulem melhor localização e maior qualidade das obras.

Josué Rocha, também da coordenação do MTST, ressaltou as responsabilidades das outras instâncias de governo, estadual e municipal, sobre a questão da moradia. “Em relação à ocupação 'Copa sem povo' temos um indicativo de uma conversa de cobrar os governos municipal e estadual em relação a desapropriação da área. As próprias mobilizações não são focadas no governo federal, mas sim para cobrar as responsabilidades de todos”, declarou Josué.

Questionados sobre o uso eleitoral das mobilizações contra a Copa de 2014, ano de eleição majoritária no País, os integrantes esclareceram que de fato têm receio de que as mobilizações sejam usadas eleitoralmente por partidos de oposição ao governo, como PSDB e PSB "setores conservadores que não nos representam, atrasados, na nossa opinião”.

“O que os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos têm defendido vai na contramão. Reduzir meta da inflação, aumentar superávit primário, esse tipo de discurso não tem condições de atender as reivindicações das ruas", declarou Boulos.

Para o movimento há uma clara diferença entre 
o governo atual e o governo anterior, inclusive em número - referindo-se aos projetos neoliberais que antecederam o atual projeto do PT. O MTST fez questão de enfatizar que tem autonomia em relação a partidos e governos. "O MTST tem sua posição própria e entende que nenhum governo atual do país está efetivamente comprometido com as reivindicações dos trabalhadores. Por isso estamos fazendo as mobilizações", completou Boulos. 

Os sem-teto estimam que com os recursos gastos na Copa, que eles calculam em cerca de R$ 30 bilhões, seria possível construir cerca de 1 milhão de moradias populares.

Ato unificado

Uma mobilização unificada - entre o MTST e ocupações de outros movimentos - está sendo preparada para a quinta (22), onde estudantes, trabalhadores e coletivos de juventude serão chamados. Os sem-teto já contam com o apoio de estudantes e entidades como o Movimento Passe Livre (MPL). “Pretendemos ter entre 15 e 20 mil pessoas, inclusive trabalhadores de assentamentos rurais. A idéia é levar bastante gente às ruas em defesa da pauta dos trabalhadores”, explicou Guilherme.

Perguntados se haverá protestos durante a copa, os militantes disseram que tudo dependerá dos desdobramentos das negociações com os governos. “Não temos nenhum fetiche ou intenção em barrar a Copa. Não se trata disso. Estamos com uma pauta muito bem definida e buscando fazer mobilizações para pressionar e chamar a atenção”, acrescentou Guilherme. Ele lembrou que atualmente o déficit habitacional no país é de 7 milhões de famílias, segundo IBGE, o que representa cerca de 25 milhões de pessoas.

Sobre as remoções ocorridas por conta das obras da Copa, não há nenhum dado concreto sobre o número total de famílias atingidas. Nem o governo federal, nem os movimentos de moradia realizaram um levantamento. O que existe apenas são estimativas. "O governo não solta nenhum dado unificado. O que há é uma completa desinformação sore os despejos que estão acontecendo por causa da Copa do Mundo. O que temos de mais confiável é um relatório da (urbanista) Raquel Rolnik, que fala em um número considerável", lamentou Boulos, se referindo aos dados divulgados pela Relatoria de Direito à Moradia da ONU de que pelo menos 200 mil famílias foram removidas por causa de obras diretas ou indiretas.

Bloqueios em avenidas


Foto: RUA Foto Coletivo/Rodrigo Zaim
protesto MTST
Protesto na Radial Leste, próximo ao Itaquerão, na manhã desta quinta


As manifestações desta manhã mobilizaram mais de seis mil moradores de ocupações. Elas ocorreram na Radial Leste, em frente ao Itaquerão, com cerca de 2.000 pessoas da Ocupação Copa do Povo (MTST); na Marginal Pinheiros, próximo à Ponte João Dias, onde se concentram cerca de 2.000 pessoas das Ocupações Nova Palestina e Dona Deda (MTST); Marginal Tietê, próximo à Ponte Estaiadinha, com a presença de 300 pessoas da Ocupação Estaiadinha (MTST); Giovanni Gronchi, próximo ao Shopping Jardim Sul, com pelo menos mil pessoas das Ocupações Faixa de Gaza e Capadócia (MTST); Ponte do Socorro, onde cerca de 800 pessoas da Ocupação Anchieta Grajaú (promovida pelo movimento Nós da Sul).

Também ocorrem manifestações em outras capitais do país, do MTST e dos que compõem a Frente de Resistência Urbana, como Brasília (DF), Palmas (TO), Curitiba (PR), Belém (PA), Fortaleza (CE) e João Pessoa (PB).

Com relação á atuação da polícia, não houve abusos em São Paulo. Segundo Jussara Basso, coordenadora do MTST, houve excesso em Brasília (DF) durante a ocupação da Terracap, responsável pela construção do estádio na capital federal. "Por conta de nossa organização em São Paulo não houve abuso da polícia. Deixamos claro que a manifestação era pacífica e que não concordamos com depredação do patrimônio público. As marchas de hoje foram para denunciar o gasto de dinheiro público em estádios e obras de mobilidade que ligam somente aeroportos a hotéis e hotéis a estádios, enquanto a população pobre está pagando essa conta", lamentou.



Deborah Moreira
Imprensa SEESP





 

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