Artigo de Azelma Rodrigues, no jornal Valor Econômico de ontem, tratou o tema como "uma queda de braço entre a Força Sindical e a Confederação Nacional da Indústria (CNI)" que teria sido explicitada. Diz o artigo, também reproduzido no Diap:
"Tão logo o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), o Paulinho, anunciou que protocolizaria denúncia contra a CNI na Procuradoria Geral do Trabalho (PGT), a entidade do empresariado rebateu a acusação, em nota.
Paulinho acusa a CNI de "usar verba do Sistema S para fazer campanha contra a redução da jornada de trabalho." E informou que protocolaria essa denúncia hoje à tarde, na PGT, após marcar hora com o procurador Otávio Brito.
O Sistema S - Sesi, Senai, Sesc, Senat - é formado por órgãos da indústria, comércio e transportes criados com a função de promover a formação profissional nesses setores.
Em média, o Sistema S conta com cerca de R$ 6 bilhões em receita anual, em contribuições das empresas (custo este repassado aos preços ao consumidor) recolhidas pela Receita Federal na arrecadação previdenciária.
Em nota, o presidente da CNI, também deputado federal Armando Monteiro Neto, chamou a denúncia de Paulinho de "equívoco" e "um absurdo".
"É uma falácia afirmar que a CNI usa os recursos do Sistema S, simplesmente porque o orçamento da CNI não tem como fonte direta os recursos do Sistema S", diz Monteiro Neto na nota.
"Além disso, nem o Senai e o Sesi fazem campanha contra a redução da jornada de trabalho por força de lei. Trata-se de uma pseudo-denúncia, sem qualquer conteúdo, por absoluta fragilidade", enfatizou.
Segundo ele, a CNI é uma entidade que representa os interesses da indústria e, ao atuar para evitar a votação no plenário da Câmara dos Deputados da proposta de emenda constitucional que reduz a jornada de trabalho, está simplesmente "cumprindo seu papel".
"Estamos atuando de forma transparente, em atos públicos, indo à Câmara, visitando as lideranças partidárias, em defesa dos legítimos interesses da indústria, que sofrerá elevação de custos e perderá competitividade se a redução da jornada for imposta por lei. É nossa obrigação. Continuaremos em campanha contra a PEC da redução da jornada", concluiu Monteiro Neto.
Já a Força Sindical ameaça patrocinar sindicalistas para acampamento na Esplanada dos Ministérios em Brasília, para acompanhar a votação no Congresso, por tempo indeterminado.
"Se os deputados sepultarem a redução da jornada, vamos sepultar várias candidaturas", diz anúncio na página da Força na internet. Os sindicalistas prometem responder ao movimento dos empresários e aumentar a mobilização para que a proposta seja aprovada no Congresso Nacional, segundo a Força.
A proposta prevê que a redução da atual jornada de 44 para 40 horas, o que deve ampliar o número de empregos, defendem os sindicalistas.
Os empresários discordam. Acham que a carga tributária sobre contratações vai inibir o aumento de vagas, e defendem o uso da hora-extra. Seria um expediente para não ampliar os quadros funcionais. Mas a emenda constitucional também aumenta o valor da hora-extra". (Fonte: Valor Econômico)