“Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!”, diz uma das palavras de ordem do movimento de mulheres. O Dia Internacional da Mulher será comemorado por trabalhadoras e trabalhadores em todo o País. No domingo (8), organizações feministas, movimentos populares, negro, LGBT, sindical, juventude e partidos políticos fazem um grande ato em São Paulo, com concentração às 10h, na Avenida Paulista, em frente ao prédio da Gazeta (nº 900).
Imagem: divulgação
Neste 8 de Março, as brasileiras têm algo importante a comemorar. A Câmara dos deputados aprovou o projeto de lei 8.305/14, que torna o feminicídio (assassinato de mulher por questão de gênero) crime hediondo e qualificado. Com a nova lei, que deve ser sancionada na segunda-feira (9/3), pela presidente Dilma Rousseff, o feminicídio passa a ser imprescritível e inafiançável.
Mas, ainda há muito que se conquistar. “Queremos denunciar a fraudulenta resposta do governo do estado, que responsabiliza as mulheres pela falta de água, o uso dos bens naturais para o lucro das grandes empresas do agro e da hidroindústria, a ação nefasta da criminalização das mulheres que recorrem ao aborto, e a violência que se acirra contra as mulheres, especialmente nos espaços públicos”, diz o comunicado da organização do ato.
A Marcha das Vadias, que também estará presente, lembra que todo movimento autônomo é bem vindo ou pessoas que não fazem parte de organizações estão convidadas a integrar a marcha, que caminhará pelas ruas do Centro.
Luta da categoria
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), a qual os engenheiros integram via Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), terá um ano de muito debate e organização por parte das profissionais universitárias. A coordenadora do Coletivo de Mulheres da Confederação, Gilda Almeida, lembra que serão realizados encontros regionais para avançar nas propostas e ações em torno dos três eixos priorizados pelas mulheres da CNTU: trabalho, política e saúde.
Em entrevista ao Jornal Engenheiro, da FNE, Almeida aponta a necessidade de avançar na ocupação de melhores postos de trabalho e vencer barreiras de ascensão profissional. “Nos cargos de chefia mais baixos, as mulheres têm forte presença, mas o mesmo não ocorre nos escalões médios (gerente) e superiores (diretor, vice-presidente e presidente).” Ela lamenta que isso se repita inclusive no movimento sindical. “Em geral, as mulheres nunca estão em cargos estratégicos, com raras exceções. Onde se estabelecem cotas, você as tem, mas dificilmente na Presidência, na Secretaria-Geral, na Tesouraria ou mesmo na Comunicação.”
Ação direta
Na manhã de quinta (5), cerca de mil mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ocuparam a empresa FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda., da Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga, no Interior, onde está sendo desenvolvido os testes com o eucalipto transgênico, conhecido como H421. Como forma de protesto, as sem-terra destruíram as mudas dos eucaliptos transgênicos.
A ação, que faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, denuncia os males que uma possível liberação de eucalipto transgênico causará ao ambiente. Além disso, um grupo de trabalhadores rurais conseguiu adiar a liberação de três novas variedades de plantas transgênicas no Brasil: o milho resistente ao 2,4-D e haloxifape além do eucalipto transgênico. O grupo ocupou a reunião da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que tinha como pauta a liberação, e precisou ser encerrada.
Participação nos conselhos
A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM) e a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo (SMPM), desenvolverão neste ano, na capital, o projeto de constituição dos Fóruns Regionais de Mulheres da cidade de São Paulo, com o objetivo de implementar políticas públicas a partir da interlocução com as mulheres nas cinco regiões da cidade. O objetivo é fazer um diagnóstico e promover um curso de formação social e política para as mulheres, recuperando a trajetória de participação nas conquistas de políticas públicas (creche, saúde, moradia, transporte, combate a violência etc), e ampliar a presença das mulheres nos espaços de poder e decisão, como no controle social. Haverá plenária deliberativa neste sábado (7), às 10h, na Câmara Municipal (Viaduto Jacareí, 100) e no auditório da Subprefeitura de Santana (avenida Tucuruvi, 808, próximo ao Metrô Tucuruvi), também às 10h. Mais informações aqui. Confira a agenda deste mês de março da SMPM.
Atividade cultural
Em comemoração ao Dia internacional da mulher, a Cinemateca Brasileira exibe uma sessão especial, gratuita, com os curtas Eh Pagu, eh! (1981), de Ivo Branco e Mulheres de cinema (1976), de Ana Maria Magalhães, e o longa Copacabana (2010), de Marc Fitoussi. Será no domingo, às 20h, na área externa da Cinemateca, com capacidade para 150 cadeiras. O espaço pede que o público leve “suas almofadas, cadeiras dobráveis, cadeira de praia, canga, cobertor, esteira e se acomodem à vontade”.
Foto: Elaine Campos
Homenagem
As feministas brasileiras terão neste ano um 8 de Março triste.É muito forte o sentimento da perda deixado pela morte recente de lideranças nacionais do movimento de mulheres, que ajudaram a construir sua organização no Brasil e as políticas setoriais propostas ou implementadas nos últimos anos. Lurdinha Rodrigues e Rosângela Rigo, que ocupavam coordenações na Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, e Celia Maria Escanfella, ativista e consultora, perderam a vida em um trágico acidente no dia 14 de fevereiro, em pleno carnaval, quando o carro em que viajavam foi colidido por um veículo desgovernado.
Cerimônias públicas de despedida já foram realizadas em Brasília, Salvador, São Paulo e a lembrança das militantes deve emergir com força nos atos do 8 de Março pelo Brasil. Mas a medida em que as perdas vão sendo assimiladas, os movimentos de mulheres também afirmam que os exemplos de vida que elas deixam servirão para dar mais força às lutas que as mulheres terão de enfrentar em 2015.
A luta das mulheres por espaço e a conscientização de que é preciso ocupá-los serão desafios para as mulheres. Em um ano de maior conservadorismo no Congresso, e ameaças a conquistas sociais e trabalhistas, como as medidas provisórias que retiram direitos previdenciários, as ativistas e militantes sindicais terão de redobrar sua capacidade organizativa e de mobilização para defender direitos.
Porque o 8 de Março?
Todos os anos neste período muitos se perguntam o porquê do 8 de Março e mitos se misturam a fatos históricos importantes que marcam o surgimento do Dia Internacional da Mulher. A origem da data é investigada há pelo menos 30 anos, quando se espalhou o mito das 129 mulheres queimadas vivas em uma fábrica de Nova Iorque, quando faziam uma greve em 1857. De acordo com a pesquisadora canadense Renée Côté, autora do livro “O dia Internacional da Mulher – Os verdadeiros fatos e datas das misteriosas origens do 8 de março”, essa história é fruto da mistura de diversos fatos, como a greve de 1910, nos EUA; outra e, 1917, na Rússia, e o incêndio de 1911, em Nova Iorque. Durante 10 anos, ela buscou diversas fontes no Canadá, Estados Unidos e Europa que pudessem confirmar essa versão e não encontrou.
Foi durante a 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Compenhague, Dinamarca, em 1910, que a socialista alemã Clara Zetkin propôs uma data para o Woman's Day (Dia da Mulher), o que acabou internacionalizando o evento e passou a ser comemorado em diversos países, em momentos diferentes do ano. O primeiro Woman's Day foi comemorado em Chicago, nos Estados Unidos, em 1908, quando o país fervilhava com manifestações de mulheres operárias que denunciavam a exploração do segmento, defendendo a autonomia das mulheres, incluindo o direito ao voto, conquistado em 1920, nos EUA.
Foi na Alemanha, em 1914, que ocorreu no dia 8 de março pela primeira vez o Dia da Mulher, por ser uma data mais prática naquele ano. Muitas mulheres, no entanto, atribuem o 8 de março de 1917 como provável motivo para a fixação da homenagem. Naquele dia, operárias russas deram início a uma greve que acabou culminando na Revolução Russa. O fato é mencionado em documentos históricos, escritos por um dos dirigentes da revolução, Leon Trotsky. Em 1921, surge a proposta de se fixar o dia como oficial em todo o mundo, que passou a ser comemorado a partir de 1922, como símbolo da participação feminina nas atividades de transformação social.
Para saber mais sobre a história do 8 de Março, acesse a Cartilha do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) que dá detalhes dos acontecimentos históricos.
Para confirmar presença e acompanhar o ato no domingo acesse a página na rede social.
Imprensa SEESP
Com informações dos movimentos de mulheres