As centrais sindicais preparam para a segunda quinzena de maio um dia nacional de luta em defesa da redução da jornada de trabalho, com paralisações, atrasos de turno e mobilizações de rua em todo País. O objetivo é reforçar a pressão sobre o Congresso Nacional e os empresários, pela aprovação da proposta de emenda constitucional que reduz a jornada das atuais 44 horas para 40 horas, sem redução de salários, e com adicional de 75% sobre as horas extras.
A organização do movimento ainda está em discussão entre as seis centrais sindicais. No entanto, o terreno será preparado com a realização de uma série atos públicos nas principais capitais, entre os dias 12 e 20 de abril. A redução da jornada será a principal bandeira das centrais nas comemorações do Dia Internacional do Trabalho, em 1.º de maio.
Protesto na Fiesp. Em São Paulo, o ato público em favor da redução da jornada está previsto para o dia 13 de maio. Os sindicalistas esperam levar mais de 30 mil trabalhadores para a avenida Paulista, onde se concentração em frente a sede da Fiesp.
"A ideia é tornar mais pública a campanha pela redução da jornada", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi das Cruzes e região, Miguel Torres.
Os sindicalistas aguardam para esta semana uma resposta da Fiesp sobre o pedido de abertura de negociações visando a redução da jornada, que foi entregue há cerca de dez dias. "A CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Fiesp não concordam com a redução da jornada por força de lei e alegam que isso ter de ser por livre negociação, Mas não querem negociar", diz o presidente da CUT, Artur Henrique.
Político. O diretor sindical da Fiesp, Roberto Della Manna, diz que a entidade está disposta a discutir o assunto com as centrais, mas já adianta que a Fiesp não vai participar de nenhuma negociação.
"A discussão não deve ser em bloco, e sim levando em conta as peculiaridades das diversas atividades econômicas e tamanho das empresas", diz Della Manna. "Está na cara que isso é movimento político partidário de sindicatos colados no ano eleitoral".
Para o diretor da Fiesp, as próprias centrais sabem que a redução indiscriminada jornada para 40 horas acarretaria demissões em massa. "Antes da redução de 48 horas para 44 horas, eu negociava com 1,6 milhão de metalúrgicos no Estado de São Paulo. Hoje, esse número não chega a 600 mil, porque a mão de obra se tornou cara e as empresas automatizaram as fabricas e diminuíram seus quadros. O mesmo fenômeno voltará a se repetir".
Os sindicalistas frisam que a produtividade das empresas aumentou muito nas últimas décadas. "O problema é que só o trabalhador está pagando o preço disso", afirma o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
Um dos principais argumentos dos sindicalistas na defesa da redução da jornada para 40 horas é que a medida teria potencial para criar mais de 2,5 milhões de postos de trabalho.
Entidades patronais como a CNI entendem que a proposta contraria a tendência internacional mais recente, ignora as diferenças de produtividade existentes entre empresas e setores e também a experiência negativa dos países que adotaram essa iniciativa.
Para empresários, a redução da jornada não gera os efeitos pretendidos sobre a criação de emprego e amplia a informalidade, além de ter impacto negativo na competitividade do produto brasileiro. Eles defendem que a redução da jornada não pode ser universal e sim resultado de acordos e negociações coletivas. (Fonte: O Estado de S. Paulo)