As siderúrgicas chinesas ameaçam declarar guerra à Vale e a outras gigantes da mineração. A Associação de Ferro e Aço da China defendeu ontem um boicote de dois meses à companhia brasileira, que detém 32,8% do mercado mundial de produção de minério de ferro, e às anglo-australianas BHP Billiton (15,1%) e Rio Tinto (18,6%), em protesto às mudanças no sistema de preços nos contratos. Em vez de os valores serem anuais, eles estão sendo fixados trimestralmente, com a cotação baseada no mercado à vista. A entidade fez a proposta às empresas associadas após calcular que as atuais reservas da matéria-prima só são suficientes para suprir a demanda por dois meses.
O minério de ferro é um dos principais componentes do aço, insumo crucial para o setor automotivo, da construção civil e da fabricação de vários bens de consumo. Na Ásia e na Europa, as siderúrgicas criticam cada vez mais as exigências das três gigantes. Os preços acertados com as siderúrgicas japonesas e sul-coreanas geralmente servem de referência. Algumas delas, a exemplo da japonesa Nippon Steel, aceitaram em 2010 aumentos de 80% a 90%, reajuste que as chinesas não querem ratificar. Procurada pelo Correio, a Vale não comentou o assunto.
Na Europa, as mudanças também provocaram forte reação do mercado. Na semana passada, a Eurofer, que representa as siderúrgicas do continente europeu, denunciou à Comissão Europeia, que fiscaliza a concorrência na União Europeia (UE), “fortes indícios de coordenação ilícita” entre as três gigantes da mineração para impor aumentos de preço “injustificáveis”. (Extraído de artigo do Valor Econômico)