O número de ocupações registradas no "abril vermelho" chegou a 42, segundo balanço oficial do Movimento dos Sem-Terra (MST), divulgado ontem. Em nota, além das invasões de áreas não-produtivas, o movimento afirma que foram realizados protestos em prédios públicos e marchas em 16 Estados, em defesa do assentamento de 90 mil famílias acampadas, pela atualização dos índices de produtividade e por políticas públicas para as áreas de reforma agrária. De acordo com o balanço do MST, o maior número de invasões ocorreu em Pernambuco. Foram 19 até agora. O restante ocorreu em São Paulo (9), Paraíba (5), Sergipe (3), Ceará (2) e Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, com uma cada.
Ontem, foi um dos dias mais intensos desde o início das ações. Em Pernambuco, foram registradas duas ocupações lideradas por sem-terra, nas fazendas Arizona, em Sertânia, e Asa Branca, entre Agrestina e São Joaquim do Montem.
Em Promissão, no centro-oeste do Estado de São Paulo, cerca de 180 famílias sem-terra invadiram uma fazenda e um grupo de militantes ocupou uma agência do Banco do Brasil e a sede regional do Incra. Em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, 150 militantes também invadiram uma agência do Banco do Brasil e a sede do Incra. Na mesma região, os sem-terra montaram um acampamento nas proximidades de uma usina de cana-de-açúcar no município de Sandovalina.
Objetivo. De acordo com o coordenador Valmir Rodrigues Chaves, o objetivo é chamar a atenção para a falta de estrutura nos assentamentos e a lentidão do governo em obter terras para assentar as famílias acampadas. Somente no Pontal, cerca de 2.500 famílias estão em acampamentos. Hoje, o movimento deve realizar um ato em defesa da reforma agrária, no acampamento Roseli Nunes, em Campinas.
No Rio Grande do Sul, a invasão da Fazenda Bela Vista, em Sananduva, marcou o início do "abril vermelho" no Estado. Os sem-terra pedem a desapropriação para assentamento de 1,2 mil famílias acampadas à beira de estradas e obras de infraestrutura nos acampamentos.
Também ontem, manifestantes sem-terra ocuparam seis prefeituras no interior de Alagoas. Além de mais terras para reforma agrária, de assistência técnica para aumentar a produção e melhorias na infraestrutura dos assentamentos, os sem-terra alagoanos colocaram na pauta de reivindicações as questões sociais. Eles cobraram dos prefeitos o aumento da oferta de vagas nas escolas e a instalação de postos de saúde dentro dos assentamentos.