Duas informações que teriam tudo para os setores organizados da sociedade ir para a rua e "bater bumbo", a fim de publicizar, como chama a atenção João Franzin, da Agência Sindical, um crítico, e, com razão, de nossa imprensa sindical.
A primeira, mais recente, dá conta que a indústria praticamente zerou os efeitos da crise, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com este dado na mão e na cabeça, as entidades que têm data-base de maio em diante precisam buscar negociações salariais mais amplas e vantajosas, já que superamos a crise.
O economista do IBGE, André Macedo, diz em matéria veiculada pela Agência Estado, nesta terça-feira (4), que "a indústria praticamente eliminou os efeitos da crise observados nos últimos três meses de 2008".
Em fevereiro de 2010, a indústria ainda operava em patamar 2,8% inferior ao recorde de setembro de 2008. Segundo Macedo, os dados de março mostram "um perfil generalizado de crescimento e recuperação da atividade industrial".
Prevendo esta melhora nos índices econômicos, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) fez um balanço das negociações salariais de 2009 e com base nas previsões bastante positivas para a economia orienta que "os sindicatos devem se preparar para negociar CCTs mais amplas".
Redução da extrema pobreza
A outra, que passou "despercebida" pela imprensa, dá conta que os índices de extrema pobreza no Brasil foram reduzidos - entre 1990 e 2008 - de 25,6% para 4,8%, uma drástica redução de 81%. Esta informação foi veiculada há pouco mais de um mês.
O movimento sindical tem relação com este importante fato social. Um dos fatores que fez a extrema pobreza diminuir tem relação com o salário mínimo e sua política de atualização e recuperação de valores, cuja proposta originária é das centrais sindicais.
Na matéria veiculada no site do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que o DIAP reproduziu em 26 de março, sob o título "Ipea: Brasil supera meta de reduzir extrema pobreza. Índice é agora 4,8%" há mais informações importantes deste importante passo dado pelo País.
O relatório do Ipea informa ainda que "a pobreza extrema no Brasil, hoje, é menos de um quinto da pobreza extrema de 1990. A desigualdade caiu bastante e pode cair ainda mais". E acrescenta: "Se o ritmo da redução se mantiver nos próximos anos, a pobreza extrema será erradicada do Brasil por volta de 2014".
É ou não para o movimento sindical "bater bumbo" sobre estes dois fatos sociais, cuja repercussão é extremamente positiva sob todos os aspectos?
(*) Analista político e assessor parlamentar do Diap