Uso previsto de dois anos do principal fornecedor de imagens do território brasileiro. já tinha vencido. Perda não deve afetar o Prodes, programa de monitoramento do desmate na Amazônia que é o principal usuário do satélite.
O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) anunciou na quarta-feira (12/5) o fim das operações do satélite CBERS-2B, o principal fornecedor de imagens do território brasileiro.
Construído no Brasil, lançado por chineses e operado em parceria entre os dois países, o satélite vinha apresentando problemas desde 11 de março, quando sinalizou defeitos em seu sistema de orientação. Duas semanas depois, foi detectada uma falha no sistema de potência, que transforma radiação solar em energia. Em 16 de abril, por fim, técnicos perderam contato com o satélite.
Sem receber sinais até quarta-feira (12/5), o Inpe desistiu de tentar. "Estamos fazendo uma análise para saber a causa do problema final, que provavelmente ocorreu num componente eletrônico" disse Ricardo Cartaxo, diretor do programa CBERS.
Como o Inpe já tinha um plano B para a situação, porém, a perda não deve afetar o Prodes, programa de monitoramento do desmate na Amazônia que é o principal usuário do satélite.
O aparelho perdido era o terceiro da série CBERS, que terá uma lacuna na produção de imagens. O CBERS-3, que tinha lançamento inicialmente previsto para 2009, entrará em órbita só no final de 2011.
Segundo Cartaxo, apesar do fim um tanto quanto inesperado do CBERS-2B, sua missão ultrapassou a vida útil nominal de dois anos e foi um sucesso. "No final do ano passado, já estávamos felizes por ele estar cumprindo a missão", disse. "Mas esperávamos que ele durasse um pouco mais, como ocorreu com o CBERS-2, que durou quase cinco anos."
O satélite descartado agora, porém, era uma solução improvisada para o atraso do CBERS-3. "Ele foi feito com os equipamentos que sobraram dos CBERS 1 e 2 e já tinham uma certa idade", afirmou Cartaxo.
Dalton Valeriano, diretor do Prodes, diz que a falta do CBERS-2B será compensada com imagens do satélite indiano Resourcesat e do americano Landsat-7, que também estão no fim da vida útil. Como medida de precaução, desde 2005 o país também vem comprando imagens do consórcio DMC, para evitar surpresas.
O destino do CBERS-2B inativo agora é virar lixo espacial, monitorado pelo Comando de Defesa Aeroespacial dos EUA. Sem combustível para mergulhar no mar, o satélite ficará vagando onde se encontra. "Calculamos a probabilidade de haver uma colisão de dois satélites na órbita dele, e o risco é baixíssimo", diz Cartaxo.
Rafael Garcia
(Folha de SP, 13/5)
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