Equipamento que gera energia elétrica e faz aquecimento de água é um dos produtos que empresas de distribuição de gás, como a CEG (grupo GasNatural), no Rio, e a Comgás, de São Paulo, estão buscando difundir.
A GasNatural Serviços, subsidiária da CEG, a distribuidora de gás encanado residencial do Rio de Janeiro, vai testar no segundo semestre a instalação em residências de um equipamento japonês que gera energia elétrica e faz aquecimento de água. Segundo Hugo Aguiar, diretor-geral da empresa, o objetivo é fornecer o equipamento, vendido ou alugado, para famílias de alto poder aquisitivo a partir do próximo ano, criando no mercado uma alternativa de geração própria de energia residencial.
O equipamento que será testado pela GasNatural é fabricado pela Honda. "Estamos negociando com eles a cessão de algumas unidades em comodato para que possamos instalar em algumas residências para teste", disse Aguiar. Segundo ele, o gerador-aquecedor tem o tamanho de um frigobar de hotel e não é barato, não sendo, em um primeiro momento, recomendável para imóveis pequenos.
A depender da aceitação, Aguiar avalia que os geradores podem até ser fabricados no Brasil, reduzindo custos e ampliando o acesso. Segundo o executivo, nos países asiáticos, especialmente no Japão, a utilização desses equipamentos é comum. "A tecnologia existe e o mercado potencial é grande (somente a CEG tem hoje 800 mil clientes residenciais)", ponderou.
A geração residencial de energia elétrica é só um dos produtos que empresas de distribuição de gás, como a CEG (grupo GasNatural) e a Comgás, de São Paulo, estão buscando difundir, aproveitando o momento favorável do mercado, com oferta abundante do insumo a preços competitivos.
Segundo Aguiar, uma das alternativas com uso crescente é a cogeração de pequeno porte, uma espécie de versão em escala comercial do serviço que a empresa que ele dirige está querendo desenvolver em escala residencial. São shopping centers, fábricas e outros tipos de instalações (o centro de pesquisas da Petrobras, por exemplo) que estão optando por gerar sua própria energia a partir do gás, ficando com a energia da rede de distribuição como um "backup".
Aguiar disse que esse mercado cresceu 13% em todo o Brasil nos últimos dois anos. "Trabalho há 20 anos com cogeração de energia e nunca estive tão otimista com esse mercado", afirmou. Segundo o executivo, até as empresas de distribuição de energia estão criando divisões próprias para fornecer equipamentos de cogeração a gás. Como o equipamento é muito caro (uma estação geradora de quatro megawatts custa cerca de R$ 5 milhões), o mais comum é que uma empresa especializada forneça e monte o equipamento, cobrando aluguel do cliente.
No caso da empresa de distribuição de energia elétrica, ela ganha com o aluguel e também com o "backup" da rede normal mantido pelo cliente. Aguiar disse que a cogeração somente é viável quando a soma da energia a partir do gás mais o "backup" custa menos do que o fornecimento tradicional.
As fornecedoras do serviço buscam proporcionar ao cliente uma economia entre 5% e 10%, pelo menos. O diretor da GasNatural disse também que o serviço ganhará mais atratividade quando for viabilizado, legal e comercialmente, a venda no mercado livre do excedente gerado por unidades de cogeração de tão pequeno porte. Comercialmente, uma das alternativas em estudo é a formação de "pools" de pequenos cogeradores para ofertar uma quantidade que atraia os compradores.
O crescimento da cogeração de energia, segundo Aguiar, vem na esteira de dois fenômenos: a disponibilidade de gás natural, com perspectiva de sustentabilidade, após o quase colapso de 2007, e os problemas de confiabilidade do abastecimento tradicional de energia elétrica verificados no verão passado.