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27/06/2010

FNE se posiciona contra importação de engenheiros

 

       A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) produz texto defendendo utilização da mão de obra nacional e se colocando contra a contratação de estrangeiros. Na nota, a FNE também anuncia a criação de um instituto de ensino superior voltado para a "engenharia da inovação", em parceria com a Associação Brasil-Alemanha. O centro deve funcionar em São Paulo a partir do ano que vem.

Leia abaixo o comunicado:
       Engajada na luta pelo aproveitamento da mão de obra nacional, a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) não só alertou a sociedade com relação à falta de profissionais na área de engenharia, mas tomou providências para gerar mais mão de obra especializada. A entidade acredita que uma forte estrutura de ensino aliada à um incentivo para resgatar profissionais que migraram para outras áreas pode saciar a necessidade de profissionais no mercado brasileiro.
       No início do ano letivo, a Federação produziu o vídeo "Mais engenheiros para construir o Brasil" com o objetivo de distribuir nas escolas secundaristas de todo o território nacional o material elucidativo da profissão de engenharia. Com o intuito de estimular os estudantes a optarem pelo curso, que tem um leque enorme de opções e especializações, o material aborda todas as áreas da profissão: Civil, Elétrica, Química, Ambiental, Mecânica e Agronômica.
       A ideia surgiu diante da iminente falta de profissionais com a aceleração acentuada do desenvolvimento que o país terá que enfrentar nesses próximos anos, diante da Copa de 2014, Olimpíadas de 2016 e com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
       Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais (Inep) apontam que no ano de 2008 apenas 22% do total de ingressos nos cursos de engenharia chegaram a se formar. Ou seja, dos 134 mil alunos que ingressam na faculdade, apenas 30 mil se formam. "Precisamos estimular a demanda de alunos que se interessam pela área e dobrar o número de formandos. Dessa forma, não precisaremos importar mão de obra", explica Fernando Palmezan, coordenador do projeto Cresce Brasil, da FNE.
       Ainda de acordo com dados do Inep, existem hoje no país 1.406 cursos de engenharia, sendo 40% em instituições públicas e 60% nas privadas. A análise também destaca que entre os cursos mais procurados estão a Engenharia Elétrica e a Civil, com 12% e 11% de procura efetiva.
       Segundo José Roberto Cardoso, Professor de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a grande procura no mercado, no momento, é por engenheiros civis. Porém, ele ressalta que temos deficiência em todas as áreas de engenharia no Brasil.
       "Nos países desenvolvidos da Europa e dos Estados Unidos o cenário é positivo. Na Ásia estão sendo formados quase um milhão de engenheiros todos os anos e não há expectativa de desemprego. Precisamos estimular a procura do curso de engenharia pelos jovens brasileiros, pois o mercado tem demanda suficiente para suprir o dobro de formandos na área por ano", explana o professor.
      Fernando Palmezan destaca ainda a importância de estimular em todo o território nacional uma formação básica de qualidade e mais direcionada às matérias exatas. Palmezan acredita que com uma formação consistente os jovens teriam mais facilidade para concluir o curso que é bastante árduo e exigente de tempo e dedicação, com muitos cálculos e trabalhos.
       Além de recrutar jovens a aderirem à profissão, a FNE sabe que também existe uma grande parcela de profissionais da engenharia que acabaram se rendendo a outras áreas. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que apenas dois em cada sete engenheiros trabalham na área.
      "Há a necessidade de gerar menor migração ocupacional de engenheiros e tentar recrutar os que deixaram a área atrás de outras oportunidades no mercado de trabalho", diz Palmezan.
      Diante de todo esse cenário, a FNE e o Sindicato dos Engenheiros de São Paulo (Seesp) fizeram uma parceria com a Associação Brasil-Alemanha (VDI) para a criação de uma instituição de ensino superior voltada para a "engenharia de inovação", aproveitando o intercâmbio tecnológico com a Alemanha.
       "Como a engenharia exige que o profissional esteja sempre se reciclando e conhecendo as novas tecnologias, pensamos em juntar tudo isso numa instituição que ofereça graduação, pós-graduação, pós-doutorado e especializações", esclarece Fernando Palmezan. A implementação do centro de excelência no ensino da engenharia tem a inauguração prevista para o ano que vem, com sede no Seesp.

 

Assessora de Comunicação da FNE
www.fne.org.br

 

 

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