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15/07/2010

A ameaça do Oceano Índico

 

       Uma pesquisa realizada pela Universidade do Colorado, nos EUA, mostra que o nível do mar elevou-se acima da média global em diversas áreas do Oceano Índico. Em algumas regiões, este aumento é de 13 milímetros por década, o que ameaça ilhas e regiões costeiras. A análise de medições anteriores e o monitoramento por satélite feito por 50 anos permitiram atribuir a alteração dos índices às emissões de gases-estufa.
       E a situação tende a piorar, se depender de dados divulgados recentemente pela Nasa.
       O primeiro semestre de 2010 é o mais quente já registrado, apesar de o Sol estar passando por um período de menor atividade.
       Somado ao segundo semestre do ano passado, este foi o período de 12 meses mais quente da história do planeta. O recorde deve-se, em parte, ao fenômeno El Niño, que se despediu no fim de maio. O relatório da agência espacial americana ressalta, porém, que vai depender da intensidade do fenômeno La Niña, que começou a se formar este mês, a possibilidade de 2010 bater o recorde de calor registrado em 2005.

Existência de um país inteiro em xeque
       Estudo sobre o Índico, publicado na edição desta semana da revista "Nature Geoscience", foi o primeiro a analisar o nível do mar naquele oceano, que concentra cerca de 20% da água da superfície da Terra. Em algumas regiões, os pesquisadores constataram não o avanço do mar, mas o seu recuo.
       O fenômeno, registrado nas Ilhas Seychelles e no litoral do Quênia e da Tanzânia, faz parte da dinâmica do oceano: a elevação das águas em alguns setores pode levar à sua regressão em outros.
       Menor nação asiática, as Maldivas podem ser a principal vítima das oscilações do Índico.
      Os pesquisadores verificaram que o mar cresceu durante o inverno ao redor das mais de mil ilhas que compõem o país. Este aumento do oceano é preocupante, considerando que moram 300 mil pessoas no arquipélago, e que sua altitude média é de apenas 1,5 metro acima do nível do mar.
       O aumento deste índice pode provocar impactos de longo alcance no clima global. A protagonista dessas transformações seria uma região do Índico próxima à Indonésia conhecida como "piscina quente". A temperatura local aumentou cerca de 0,5 grau Celsius nos últimos 50 anos. A culpa, também neste caso, é dos gases-estufa.
       - Se o aquecimento provocado pelo homem não perder força, as ilhas localizadas no meio do oceano, a costa da Indonésia e a Sumatra podem ser vítimas de um aumento significativo do nível do mar - alerta Weiqing Han, coordenador do estudo. - Usamos diversos modelos oceanográficos e testamos um sistema que prevê, no oceano, as consequências das mudanças climáticas. Nossos resultados mostram que o homem é o responsável pela variação maior do que a média do nível do mar.

Mais secas na África e enchentes na Índia
       Os complexos padrões de circulação atmosférica do Oceano Índico também podem afetar as precipitações, forçando ainda mais o ar da atmosfera para a superfície em algumas regiões subtropicais. Essas turbulências provocariam reações desiguais: aumento da seca na região equatorial do oceano, incluindo o norte da África, e enchentes ainda mais graves, como resultado das chuvas de monções, em Bangladesh e na Índia.
       Segundo Han, para documentar as mudanças do nível do mar em uma escala global, os pesquisadores precisam conhecer uma série de especificidades regionais, fundamentais para traçar o destino de ilhas e regiões costeiras.
       - É importante entender as mudanças regionais do nível do mar. Seu efeito é determinante nos territórios estudados - ressalta.

 

O Globo
www.cntu.org.br

 

 

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