No primeiro semestre deste ano, quem quisesse se esconder do economista Alessandro Teixeira, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), teria grande chance de se dar bem caso escolhesse o primeiro andar do edifício onde está instalada a sede do organismo, em Brasília, e que abriga o escritório de Teixeira.
Naquele período, ele contabilizou quatro viagens à China, cinco aos Estados Unidos, seis à Europa, três à África, duas ao Caribe, além de algumas dezenas de visitas aos países vizinhos da América Latina.
"Nada mais natural que isso aconteça", diz Teixeira, 38 anos de idade. "O presidente de uma agência de promoção comercial não pode ficar sentado em uma cadeira confortável, à espera de que as coisas caiam no seu colo."
Espécie de caixeiro viajante do governo, Teixeira aposta na eficácia da realização massiva de eventos como feiras e seminários, no exterior e no país, como forma de lapidar a imagem internacional e abrir novos mercados para as empresas brasileiras. Quando assumiu o comando da Apex, em 2006, foram realizados 550 eventos. Para este ano, a expectativa é chegar a pelo menos 900.
Internamente, o saldo é a ampliação da participação das empresas nacionais, sobretudo as de pequeno e médio porte, nesse esforço exportador. Segundo ele, em quatro anos o número de empresas que participam de algum dos projetos setoriais tocados pela Apex (80, atualmente) mais do que dobrou, passando de 5,6 mil, em 2006, para as atuais 12 mil.
Como consequência, a fatia do grupo de companhias que trabalham sob o guarda-chuva da agência saltou de 6% para 16,8% no ano passado, sendo responsável por US$ 25,7 bilhões dos US$ 155 bilhões exportados pelo Brasil. "A participação seria ainda maior caso fossem contabilizadas apenas as exportações de bens manufaturados, que predominam na pauta das empresas Apex", diz Teixeira, que prevê uma volta aos patamares próximos ao período pré-crise para o comércio exterior brasileiro. "Devemos chegar a US$ 180 bilhões até dezembro."
Recém-reeleito presidente da Associação Mundial das Agências de Promoção de Investimentos (Waipa, na sigla em inglês), Teixeira está animado com as perspectivas de fortalecimento de uma das facetas menos conhecidas da Apex, a da atração de investimentos estrangeiros.
Segundo ele, com a retranca da economia da União Europeia e com a ainda vagarosa recuperação da americana, os países emergentes, como o Brasil, China e Índia, tendem a ser vistos como opções para o investimento direto estrangeiro (IDE), não mais apenas nos setores de mão de obra intensiva, mas também no chamado nicho high tech. "Nosso parque tecnológico não é o melhor, mas também não é o pior do mundo", diz Teixeira. "Estamos num nível de médio desenvolvimento nessa área."
Os sinais de que o Brasil entrou no radar das empresas de tecnologia e de inovação podem ser medidos pelo número de consultas preliminares de investimentos cadastrados pelo governo: há nada menos de 350, das quais cerca de 70 estão num estágio mais avançado de detalhamento de projeto.
Ele lembra que, somente nos últimos 12 meses, foram confirmados projetos como o Centro de Pesquisas da GE, o smartlab da IBM, a fábrica de vacinas da Novartis, o Centro de Desenvolvimento global da HCL Technologies, além da fábrica dos smartphones BlackBerry.
"Além desses, temos pelo menos cinco projetos a serem anunciados até o final do ano, em setores como energia e farmacêutico", diz Teixeira. "Só aí são alguns bilhões de dólares em investimentos produtivos, de uma qualidade diferenciada."
Clayton Netz, O Estado de SP
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