Na mesa 2 do seminário da CNTU, “Cidades e desenvolvimento: desafios inovacionais”, realizada no período da tarde desta sexta-feira (18/05), a tônica maior dos debatedores Renato Nunes Balbim, coordenador de Produtos do Departamento de Estudos, Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea (Instituto de pesquisa Econômica Aplicada), e Nabil Bonduki, professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), se deu em como provocar o poder público e a sociedade civil a discutirem um modelo de cidade sustentável. A mesa teve a coordenação do economista Claudio Costa Manso, diretor de Relações Sindicais, e de Jacó Lampert, do Conselho Efetivo da CNTU.
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Bonduki destaca que a sociedade tem de construir novos valores para viabilizar a construção da cidade sustentável, que tem, como ponto de partida, oito eixos básicos, segundo agenda de sustentabilidade já definida pelo Ministério do Meio Ambiente. São eles: política de resíduos sólidos; mobilidade, construção e planejamento urbano sustentáveis; manejo das águas nas cidades; APPs (Áreas de Preservação Permanente) urbanos e áreas verdes; qualidade do ar e segurança química.
O técnico do Ipea lembrou frase do geógrafo Milton Santos (1926-2001) de que “o cidadão imperfeito é o consumidor mais que perfeito” para defender a participação efetiva da sociedade nas discussões sobre um novo modelo de cidade, que não dê tanta ênfase ao veículo privado, por exemplo, em detrimento do que é o melhor para a maioria, ou seja, o transporte coletivo. Ele provocou o público ao afirmar que falam que a falta de planejamento é que leva ao caos das cidades hoje. “Não falta planejamento, o problema é que eles são feitos para servir apenas alguns.”
E defendeu a superação da fragmentação e dos interesses corporativos para se pensar as cidades. “Radicalizar o controle e a participação sociais para garantir os interesses da sociedade nos planejamentos urbanos.” Balbim observa que é importante o entendimento do que seja urbano e cidade. “Urbano é um processo político. Cidade é o fato concreto, é a expressão visual. A política é a responsável pela fragmentação dessa discussão entre cidade e urbano. Precisamos da integração de políticas”.
Por outro lado, Nabil Bonduki lamenta que o tema “cidade sustentável” tenha apenas, no documento Rascunho zero da Rio+20, “um parágrafo com cinco linhas.” E informa que o governo brasileiro tem se esforçado para colocar o assunto na pauta da conferência da ONU. “O caminho para isso é problematizarmos essas questões no âmbito das discussões da sociedade civil, na Cúpula dos Povos”, aponta.
Por fim, Bonduki ensina que um novo modelo de cidade, a sustentável, se dá a partir da alteração do modo de vida, de consumo e de produção. “O grande desafio é como transformar essa cidade num espaço onde possamos compatibilizar o crescimento econômico, agenda do século XIX; a inclusão social, agenda do século XX; e a sustentabilidade, agenda do século XXI.”
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa – SEESP
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