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28/08/2015

Seminário coloca em pauta megaprojetos na América Latina e Caribe

O canal interoceânico da Nicarágua e a ferrovia bioceânica – a qual ligará o Centro-Oeste e o Norte do Brasil ao Peru – foram debatidos durante o II Seminário Internacional de Integração dos Trabalhadores Universitários, na tarde de ontem (27) e manhã desta sexta-feira (28). Promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), por intermédio de seu Departamento de Relações Internacionais, o evento ocorreu no SEESP, na Capital.


Foto: Beatriz Arruda/Imprensa SEESPpalestrante de hj 1


Previsto na segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística (PIL 2), apresentada pelo governo federal em junho último, o projeto da ferrovia bioceânica foi abordado por Gustavo Saavedra Garcia, presidente da Sociedade de Engenheiros do Peru. Segundo informou, o investimento previsto no trecho peruano, de 3 mil quilômetros, será de US$ 4,5 bilhões – em sua explanação, ele apresentou projeto a partir do Porto de Santos, totalizando 8 mil km a US$ 10 bilhões. Contudo, no PIL 2, o tramo brasileiro previsto inicia-se em Campinorte (GO), passando por Lucas do Rio Verde (MT)  rumo a Rio Branco (AC), numa extensão de 3,5 mil km, com inversões de R$ 40 bilhões. A obra será desenvolvida pela China.

Na sua concepção, ao impulsionar a logística da América Latina, a bioceânica garantirá economia de tempo e menores custos em transporte de mercadorias, além de acesso aos mercados brasileiro e asiático. Assim, contribuirá “tanto ao desenvolvimento regional quanto mundial”. Por essas razões, ele expressou que sua entidade é favorável à construção. Mas ponderou que especialistas têm advertido para o risco de atrasos na entrega obra – o projeto seria concluído em 2016 e, posteriormente, executado em cinco anos. Saavedra enfatizou ainda que o projeto de engenharia precisa vir acompanhado de plano de “educação”, para que a bioceânica não seja lugar de exploração informal de minérios. E alertou para os riscos de que os benefícios ao gigante asiático não ocorram em detrimento do Brasil e Peru. 

Canal da Nicarágua
A China também está envolvida nessa outra megaobra na região, que conectará o Caribe ao Pacífico. O consórcio HKND (Hong Kong Nicarágua Canal), liderado por empresa do país asiático, será responsável pelo empreendimento, defendido pelo dirigente da Frente Nacional dos Trabalhadores da Nicarágua (FNT), Fredy Franco, como um “grande projeto estratégico não só à América Latina e Caribe, mas ao mundo”. A companhia chinesa obteve a concessão por 50 anos, prorrogáveis por mais 50, para investimento, construção e operação do canal.  Segundo Franco, o projeto de comunicação interoceânica não é ideia nova. Já no século XIX, os Estados Unidos teriam cogitado sua realização. “Ao final, decidiram pelo Canal do Panamá, concluído em 1914. Hoje, mesmo sua ampliação não será suficiente para atender o incremento da demanda de transporte de mercadorias.”

Assim, de acordo com o sindicalista, a iniciativa nicaraguense, um sonho antigo, além de favorecer o desenvolvimento sustentável do país, agora é uma necessidade. “Já foram dados os primeiros passos para torná-lo realidade e gerados os primeiros estudos e empregos”, ressaltou. As obras auxiliares tiveram início em 22 de dezembro de 2014, e a conclusão do canal está prevista para cinco anos.

Conforme Telémaco Talavera, porta-voz da Comissão Grande Canal Interoceânico da Nicarágua, o projeto integra o Plano Nacional de Desenvolvimento Humano 2007-2016, desenvolvido pelo governo local. Esse prevê “crescimento econômico com garantia de estabilidade macroeconômica, criação e formalização de postos de trabalho, redução da pobreza e desigualdade e ampliação da competitividade do país”. Ele acrescentou: “Temos avançado nesse sentido, com ampla carteira de inversões para melhoria da infraestrutura.”

O total de investimentos para realização da megaobra, cuja extensão será de 276km, será de US$ 50 bilhões. O empreendimento, como explicitou Telémaco, contará com sistema de eclusas, implementação de uma zona livre de comércio que deverá reunir “pelo menos 5 mil empresas”, aeroporto internacional, novas estradas, pontes, acessos e complexo turístico. “O projeto visou o menor impacto social e ambiental.” A projeção, concluiu ele, é que pelo canal passe “8% do transporte por via marítima do mundo”.

 

 

 


Soraya Misleh
Imprensa SEESP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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