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11/01/2016

Arquitetura moderna em São Paulo no início da década de 1960

A inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, associou à imagem do Brasil a marca da modernidade. Foi a culminância de um processo de reinvenção da paisagem urbana que ganhou expressão durante as décadas de 1940 e 1950.

Porém, no Estado de São Paulo, os edifícios públicos continuaram até 1959 em descompasso com a nova tendência. O Departamento de Obras Públicas (DOP), subordinado ao governo estadual, produzia, há muito tempo, projetos ecléticos. Por sua vez, a poderosa Secretaria de Agricultura, que se encarregava de suas próprias edificações, além da linguagem eclética, seguia o cânone neocolonial.

Com a eleição do governador Carlos Alberto de Carvalho Pinto (1910 – 1987), que governou o Estado de São Paulo de 31 de janeiro de 1959 até 31 de janeiro de 1963, o cenário mudou substancialmente. Estima-se que mais de mil novos edifícios públicos, pautados pela linguagem moderna, tenham sido construídos – além das reformas e ampliações empreendidas nos equipamentos antigos. “Projetos e obras paradigmáticas da arquitetura moderna paulista foram iniciados no período, como os edifícios da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e dos Departamentos de História e Geografia na Universidade de São Paulo”, disse, àAgência FAPESP, o arquiteto Miguel Antonio Buzzar, professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAUUSP) em São Carlos.

Buzzar foi o pesquisador responsável pelo projeto Difusão da arquitetura moderna no Brasil: o patrimônio arquitetônico criado pelo Plano de Ação do Governo Carvalho Pinto (1959-1963), apoiado pela FAPESP , que contou com mais de 20 pesquisadores, incluindo Monica Camargo Junqueira e Maria Tereza Regina Leme de Barros Cordido. “Das mais de mil obras estimadas, conseguimos levantar 602 no curso do projeto. E inventariamos 511 com maior precisão”, informou o pesquisador.

Esse boom de edificações, que, no seu interior, deu corpo à chamada “Escola Paulista” de arquitetura, projetando os nomes de João Batista Vilanova Artigas (1915 – 1985), Paulo Archias Mendes da Rocha (nascido em 1928), Carlos Millan (1927 – 1964) e muitos outros, foi um produto do PAGE (Plano de Ação do Governo do Estado), definido, aprovado e posto em prática durante a gestão Carvalho Pinto.

“Por meio do PAGE, foram executadas obras de infraestrutura, águas, esgotos, energia elétrica, ferrovias, rodovias, pontes e edificações em todo o Estado de São Paulo, conformando uma rede de serviços públicos. Identificamos obras em 265 municípios paulistas”, afirmou Buzzar.

Hidrelétricas, usinas e a Cidade Universitária
Além de edifícios de faculdades, escolas, fóruns, postos de saúde, casas da agricultura etc., o PAGE propiciou ainda o início da construção da usina hidrelétrica de Urubupungá e obras nas usinas de Limoeiro, Euclides da Cunha, Barra Bonita, Jurumirim, Bariri, Graminha e Xavantes.

Mas o alcance do plano foi bem maior e mais duradouro do que aquilo que pode ser medido em metros cúbicos de concreto e tijolos. A implantação da Cidade Universitária Armando Sales de Oliveira, essencial para transformar a USP em uma verdadeira universidade, deslanchou com o PAGE. E a própria FAPESP, que estava no papel desde 1947, só se tornou realidade por causa do plano.

“Para impulsionar a implantação da Cidade Universitária, o PAGE criou o Fundo para Construção da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira (FCCUASO), depois Fundusp, e, atualmente, Superintendência de Espaço Físico da USP (SEF). Na verdade, o Plano de Ação estabeleceu vários fundos com perfis diversos, dentre eles, o Fundo Estadual de Construções Escolares (FECE), transformado depois na Conesp e, hoje, no Fundo de Desenvolvimento Escolar (FDE)”, relatou Buzzar.

O PAGE foi a resposta do governo Carvalho Pinto a uma conjuntura de aguda crise econômica. Em vez de cortar gastos públicos, como preconizavam os economistas mais conservadores, o plano seguiu a fórmula utilizada pelo britânico John Maynard Keynes (1883 – 1946) para enfrentar a “Grande Depressão” nos Estados Unidos: produzir obras para gerar empregos, gerar empregos para estimular o consumo, estimular o consumo para reaquecer a economia. “Por meio do Ipesp [Instituto de Previdência do Estado de São Paulo], o governo estadual tinha dinheiro em caixa. E pôde realizar todas as obras do PAGE sem se endividar. Mais de 160 arquitetos foram contratados e projetaram edificações para o Plano de Ação”, disse o pesquisador.

Como destacou Buzzar, a concepção keynesiana fica bem clara neste trecho do programa do PAGE: “o aumento de bem-estar da comunidade deriva de inversões em setores não sujeitos ao mecanismo automático do mercado, tais como Educação, Cultura e Pesquisa, Saúde e Assistência Social, Justiça e Segurança e Sistemas de Esgotos”.

 

Fonte: Agência Fapesp/ Por José Tadeu Arantes. Para ler o texto completo clique aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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