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10/05/2016

Documentário de estudantes capta os sons da metrópole

São cenas e sons que revelam a São Paulo de todos os dias. O entra-e-sai de gente nas estações do Metrô, o caminhar apressado dos paulistanos, o sino da Catedral da Sé entoando uma história que não para, o forró na mesma praça, com sanfona e triângulo, a sirene da ambulância cortando o trânsito. E o silêncio poético de uma flor desabrochando desapercebida em um jardim qualquer. Ou a serenidade do canto gregoriano dos monges no Mosteiro São Bento.  É esse cotidiano que Catarina Cavallari e Luís Felipe Paschoal Nogueira, estudantes da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, registram no filme Silêncios. Um curta-metragem de 10 minutos e 44 segundos que foi selecionado para se apresentar, no dia 14 de maio, no 16º Encontro de Cinema de Viana do Castelo. em Portugal. Irá concorrer ao prêmio PrimeirOlhar, uma mostra especial de documentários poéticos.

Catarina Cavallari e Luís Felipe Nogueira cursam  o último ano no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA. “A ideia de produzir o filme veio a partir de um trabalho curricular para a disciplina Documentário do curso de Audiovisual, e contou com a orientação do professor Henri Gervaiseau, docente responsável pela matéria”, conta Luís Nogueira. “Foi proposta para os alunos a produção de documentários com a temática Lugares da Cidade. Surgiu, então, a ideia de elaborar um roteiro diferente e explorar o silêncio e os sons da cidade.”
 


Os estudantes seguiram a referência de Godfrey Reggio no filme Koyaanisqatsi,  de Joris Ivens, e no filme Paisagens Musicais no Centro de São Paulo, de Marilia Senlle, Raoni Costa e Theodoro Condeixa. Como esses cineastas, eles priorizaram as imagens e foram buscando “ouvir” a metrópole. Não a voz das pessoas. Mas as vozes que pairam e silenciam no ar. “Nós estamos tão acostumados com a poluição sonora no nosso dia a dia que pouco refletimos sobre ela”, diz Catarina. “Assim, o filme é o passar de um dia em diferentes lugares da cidade, explorando as paisagens sonoras, suas mudanças no passar das horas e o contraste entre elas.”

Foram sete dias de gravação. Intensos. Mas que aumentaram a certeza dos dois estudantes de que a área de cinema é o caminho, o ideal e o futuro. “Esse documentário nos deu a oportunidade de conhecer lugares que normalmente não teríamos a oportunidade de visitar. O maior exemplo é a torre do sino do Mosteiro de São Bento”, lembra Luís.

Com a câmera no meio da multidão ou buscando um ângulo inusitado da cidade, Catarina e Luís admitem que ficaram tensos e emocionados. “Ficamos na expectativa dos planos que iríamos fazer, do que viria pela frente. Quando se grava um documentário, o acaso pode ter um peso decisivo.” Ambos concordam que o momento “é dos mais bacanas para a produção audiovisual do Brasil”.  Apontam o barateamento dos custos em função da emergência do digital.  “Além disso, os editais são uma opção para viabilizar não apenas a produção, mas também a distribuição das obras. E tem a televisão também, que, com a Lei do Cabo, representa um incremento importante para o audiovisual no Brasil. Nesse contexto, a ECA pode funcionar como grande centro de formação de profissionais e como pólo de novas ideias para a expansão da linguagem”, destaca Luís.

Silêncios foi gravado com os equipamentos da própria ECA e sem nenhum gasto. O investimento dos jovens cineastas, no entanto, foi o valor da criatividade. Ambos captaram a poesia na realidade e a voz da cidade no silêncio dos cidadãos.

 

 

 

Fonte: Jornal da USP

 

 

 

 

 

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