Alguns otimistas mal intencionados garantem que a recessão ficou para trás e que de agora em diante a economia vai melhorar. Fiapos de dados estatísticos são convocados para sustentar tal tese, mas ela não deixa de ser o que é, uma piedosa, hipócrita e confusa intenção.
Os tempos serão duros e a realidade do desemprego dramática.
Na sexta-feira, dia 27, o jornal O Globo publicou o mapa do desemprego, produzido por seu Núcleo de Dados, em matéria assinada por Fábio Vasconcelos e ilustrada com mapa do Brasil sarapintado com o retrato dos municípios conforme criavam vagas em 2014 e passaram a perdê-las em 2015, perderam vagas em 2014 e 2015, perderam vagas em 2015 e ficaram estáveis ou criaram vagas. Embora os pequenos municípios ainda estejam nessas duas últimas condições (estáveis ou criando vagas), em 76% das cidades com mais de 500 mil habitantes a criação de vagas virou demissão em massa em 2015.
Para o movimento sindical torna-se decisivo estar atento a estas situações para melhor resistir em defesa dos trabalhadores, de seus empregos e seus direitos com táticas diferenciadas e inteligentes.
A única coisa pior do que o falso otimismo é o pessimismo ranheta, desmoralizante e desmobilizante.
Com a continuação da crise econômica o colchão social que vinha amortecendo os danos e impedia que os efeitos das crises econômica e política gerassem crise social, vai se desmilinguindo.
O colchão social de que falo é o resultado positivo e acumulado dos anos de vacas gordas, com crescimento constante de emprego e da renda dos trabalhadores.
Ele se materializa no crédito, na poupança, nas economias de diversas ordens (moradia, por exemplo) e nos programas sociais continuados ou temporários, como o seguro desemprego. Por enquanto, embora o flagelo do desemprego se abata sobre 12 milhões de trabalhadores, a conjugação destas economias e do empenho das famílias de batalhadores, até mesmo o recurso à informalidade, tem impedido o pior.
Mas, a perspectiva da recessão continuada, do sobrearrocho anunciado e do estreitamento do colchão prenunciam graves dificuldades em massa; para enfrentá-las o movimento sindical deve garantir sua máxima unidade de ação.
* João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical