Nos últimos quinze anos, vivenciamos e vencemos, dia a dia, os imensos desafios de um país rumo a tornar-se um importante player no mercado global. Se por um lado evoluímos, também constatamos que ainda há muito a ser feito até atingirmos um nível satisfatório de bem-estar para toda a população. Nesta corrida, um dos desafios a ser superado é como crescer de modo sustentável, atendendo aos anseios dos brasileiros e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente.
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no último dia 05 de junho, nos leva a uma reflexão e avaliação positivas nesta área, especialmente, no que concerne ao significativo aumento da conscientização dos brasileiros sobre a importância de preservar os recursos naturais e melhorar o ambiente em que vivemos. Não se pode ignorar, claro, que ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos educacionais, financeiros e tecnológicos, mas estas questões seguem o rumo correto.
Diversas medidas e projetos de preservação da natureza vêm ganhando forças em todos os segmentos e já é possível registrar sucessos, seja em pequenos ou grandes empreendimentos. Na área de saneamento, tecnologias foram aperfeiçoadas e evitaram o descarte de bilhões de litros de esgoto em rios e mananciais, inclusive com a possibilidade de reúso da água tratada para fins não nobres, contribuindo – e tornando-se referências no mercado – para a preservação da saúde e melhoria da qualidade de vida das pessoas e do ambiente no qual elas estão inseridas.
Estes fatos são ainda mais relevantes se for considerada a escassez de chuvas enfrentada por diversas regiões do país nos últimos dois anos. Pode parecer pouco, mas demonstram a mudança de atitude de diferentes esferas da sociedade. Empresários e governantes, hoje, preocupam-se mais com o tema e com as questões hídricas e energéticas - que afetam diretamente a vida das pessoas e o desenvolvimento como um todo –, buscando a efetivação de projetos que visam à sustentabilidade, uma resposta clara aos novos anseios sociais de todo o mundo.
Nossas carências são severas. Segundo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (2014), 82,5% dos brasileiros são atendidos com água tratada, mas somente 48,6% dos lares possuem serviços de esgotamento sanitário e 40% do esgoto é tratado. Esses números são agravados pelo aumento populacional, o déficit habitacional, as deficiências de educação e saúde, áreas interligadas que exigem grande atenção.
As ações necessárias terão efeitos mais precisos, rápidos ou duradouros se forem colocadas em prática pelo conjunto da sociedade. Vale ressaltar que o país conta com tecnologias próprias, que atendem a características tão dispares como as encontradas nas diferentes regiões – urbana e rural -, gerando valor para toda a cadeia de benefícios.
Os esforços públicos e privados tornarão viável a universalização do acesso aos serviços de saneamento básico (água, esgoto, drenagem e resíduos), cujos investimentos previstos entre 2014 e 2033 no Plano Nacional de Saneamento Básico, do Ministério das Cidades, chegam a R$ 508 bilhões. Considerando somente água e esgoto, o valor atinge R$ 303 bilhões em 20 anos. Não é simples e nem se trata de soluções imediatistas, mas os primeiros passos estão sendo dados. As futuras gerações agradecem.
* Hélcio da Silveira é diretor da Mizumo, empresa do Grupo Jacto, que completa 15 anos em 2016 e é considerada referência nacional em projetos de estações compactas para tratamento de esgoto sanitário (ETEs)